Internacional
Brics discute expansão do bloco e alternativa ao dólar
Reunião de Cúpula acontece entre hoje e amanhã na África do Sul
A 15ª Cúpula do Brics (grupo econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) será a primeira em formato presencial após a pandemia da Covid-19 e deve ser marcada, nesta semana, por uma decisão histórica que pode reconfigurar o grupo, com o ingresso de novos integrantes. Os líderes políticos do Brics vão discutir em Joanesburgo, na África do Sul, critérios e princípios para dar sinal verde à entrada de novos países no bloco. O debate sobre normas e procedimentos é uma insistência do Brasil, que ainda demonstra desconforto e hesita em apoiar a ampliação.
Ao todo, 23 nações pediram adesão e 40 manifestaram algum tipo de interesse, segundo diplomatas brasileiros e sul-africanos. Entre eles, membros do G20 e do Novo Banco de Desenvolvimento, criado pelos Briccs em 2014. Se autorizada, a ampliação deve ficar próxima deste número, segundo negociadores que finalizaram ontem (21) a proposta com documentos técnicos antes do retiro entre os chefes de Estado e de governo.
Os líderes são os responsáveis por tomar as decisões em última instância, com base nos critérios de expansão sugeridos por consenso durante as reuniões prévias. Eles vão conversar em privado, na noite de hoje (22), acompanhados apenas dos respectivos chanceleres e de um diplomata-chefe que representa o País nas reuniões preparatórias, o “sherpa”.
Nos últimos dias, os “sherpas” atravessaram as madrugadas em reuniões e se juntaram novamente ao longo desta segunda-feira para finalizar as propostas a respeito da expansão do Brics e o rascunho da declaração final de Joanesburgo em si, um comunicado oficial conjunto emitido ao fim de cada encontro do Brics.
Alternativa ao dólar
Outro assunto central do retiro será a “desdolarização” das transações internacionais. Os líderes vão conversar sobre a criação de uma moeda comum, alternativa ao dólar, para uso no comércio exterior e também o aumento do uso de moedas locais de cada país.
A ideia da moeda vem sendo abertamente impulsionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e agrada a russos e chineses. Apesar disso, mesmo os entusiastas da “desdolarização” veem com ceticismo a possibilidade de implantação, no curto prazo, de uma unidade monetária de referência para transações comerciais internacionais.
Em paralelo, os países estimulam bilateralmente e por meio do banco do Brics, o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), formas de fomentar as transações em suas próprias moedas nacionais. A expectativa do governo brasileiro é que os líderes políticos cheguem a uma decisão sobre a ‘moeda do Brics‘.
Os chefes de Estado e de governo também vão conversar sobre a guerra na Ucrânia, mas as nuances de posições e o fato de a Rússia ter deflagrado a invasão militar impedem que o assunto seja mais explorado na declaração final de Joanesburgo. (Estadão Conteúdo)