Internacional
Peru enfrenta surto de síndrome de Guillain-Barré
O Peru enfrenta um aumento de casos de síndrome de Guillain-Barré (SGB), uma doença do sistema nervoso pouco comum, mas que já afetou 191 pessoas e matou quatro. O surto levou o governo a decretar emergência sanitária.
O Peru enfrenta uma onda incomum de SGB. Até 8 de julho, 191 casos foram notificados - incluindo quatro fatais - frente aos 225 registrados no ano todo de 2022, segundo dados oficiais divulgados pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
No entanto, os números atuais ainda estão longe dos 900 casos reportados em 2019. Os estudos posteriores relacionaram o surto deste ano a uma infecção gastrointestinal, provocada pela bactéria Campylobacter jejuni.
‘Existe uma altíssima probabilidade de que (a atual onda) se deva precisamente à transmissão desta bactéria que está por todos os lados (...) consequência da inadequada manipulação de alimentos, circunstância que aumenta o risco‘ de SGB, indicou Ricardo Peña, médico epidemiologista e assessor do Ministério da Saúde.
Segundo o médico, 31 pessoas, diagnosticadas com a síndrome, estão hospitalizadas no Peru.
Diante da probabilidade de que a bactéria Campylobacter jejuni também esteja relacionada ao atual aumento dos casos, os especialistas acreditam que os fenômenos climáticos possam estar influenciando indiretamente.
O Peru, com 33 milhões de habitantes, tem enfrentado mudanças bruscas do clima como consequência, primeiro, de um ciclone que afetou a costa no início do ano e, mais recentemente, do fenômeno El Niño.
As chuvas danificaram diversos sistemas de água potável e drenagem, propiciando surtos de dengue, leptospirose e diarreias, principalmente em regiões pobres ou vulneráveis.
O maior número de casos de SGB se concentra precisamente em departamentos do norte peruano, como Libertad e Piura, os pontos mais castigados pelas chuvas.
Para enfrentar o surto, o governo de Dina Boluarte, muita criticada pelo manejo da atual epidemia de dengue, a pior desde os anos 90, decretou em 9 de julho estado de emergência sanitária por 90 dias.
Com esta medida, o governo pode agilizar compras de insumos para o tratamento da doença e aplicar recursos no sistema de saúde.
A maioria das pessoas começa a se recuperar depois de quatro semanas do início dos sintomas, mas em outras o processo é mais longo e em casos raros, leva à morte. A SGB não é contagiosa. (AFP)