Internacional
Cúpula do clima começa em Paris

A reunião de cúpula de Paris que tem o objetivo de estabelecer um novo paradigma financeiro internacional começou nesta quinta-feira (22) com um apelo para que os países em desenvolvimento não sejam obrigados a escolher entre financiar a luta contra a pobreza ou a mudança climática.
‘Nenhum país deve ter que escolher entre reduzir a pobreza e proteger o planeta‘, afirmou o presidente francês, Emmanuel Macron, no discurso de abertura do encontro, no qual defendeu um ‘choque de financiamento público‘ e mais investimentos privados.
Quase 40 chefes de Estado, incluindo o presidente brasileiro, e líderes de organizações internacionais debaterão durante dois dias sobre apoiar os países mais vulneráveis diante do desafio duplo.
O objetivo do evento é revisar a arquitetura financeira internacional, que nasceu com os acordos de Bretton Woods em 1944, quando a prioridade era reconstruir a Europa, para adaptá-la aos desafios do século XXI, como a mudança climática.
A ideia foi apresentada no fim de 2022 na reunião de cúpula do clima COP27 no Egito pela primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, que nesta quinta-feira exigiu uma ‘transformação absoluta‘ e não apenas ‘uma reforma‘.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, defendeu a ideia durante a abertura da reunião em Paris ao destacar que ‘é necessário um novo Bretton Woods‘, que dependerá da ‘vontade política e não acontecerá da noite para o dia‘.
Os países em desenvolvimento consideram difícil obter acesso a financiamento do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM), necessário para enfrentar ondas de calor, secas e inundações, assim como para combater a pobreza.
A diretora gerente do FMI, Kristalina Georgieva, afirmou que o panorama já começou a mudar e que a organização conseguiu redistribuir os 100 bilhões de dólares (480 bilhões de reais) de direitos especiais de saque prometidos aos países pobres para o desenvolvimento e a transição climática.
‘Mapa‘
O objetivo da cúpula é ambicioso: criar musculatura financeira para enfrentar três crises interconectadas, a luta contra a pobreza, a descarbonização da economia e a proteção da biodiversidade, de acordo com Macron.
A França quer dar um ‘impulso político‘ à ideia de uma taxa internacional sobre as emissões de carbono do comércio marítimo, poucos dias antes de uma importante reunião da Organização Marítima Internacional (OMI). De acordo com especialistas, a taxa poderia arrecadar 20 bilhões de dólares por ano (96 bilhões de reais).
O Banco Mundial anunciou que ampliará as ‘ferramentas‘ de ajuda internacional com novos instrumentos, como ‘oferecer uma pausa no pagamento da dívida (...) quando acontece uma crise‘.
A secretária americana do Tesouro, Janet Yellen, afirmou que Washington ‘pressionará‘ para que os credores dos países pobres e em desenvolvimento possam participar nas negociações de reestruturação de suas dívidas.
Um grupo de especialistas independentes, criado por iniciativa da ONU, calculou que até 2030 os países em desenvolvimento, excluindo a China, precisarão investir mais de dois trilhões de dólares por ano (cerca de 9,6 trilhões de reais) para lidar com a crise climática. (AFP)