Internacional
Países ampliam arsenal nuclear em meio a crescente tensão
Os arsenais nucleares de vários países, em particular da China, aumentaram no ano passado e outras potências atômicas continuaram modernizando os seus, em meio ao aumento da tensão geopolítica, advertiram especialistas nesta segunda-feira (12).
Os nove países que possuem armas nucleares gastaram, coletivamente, 82,9 bilhões de dólares (404,5 bilhões de reais na cotação de hoje, a R$ 4,88) em seus arsenais no ano passado. Deste total, mais da metade correspondeu aos Estados Unidos, de acordo com um relatório da Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares (ICAN, na sigla em inglês), agraciada com o Prêmio Nobel da Paz em 2017.
‘Estamos nos aproximando, e talvez já tenhamos alcançado, o fim de um longo período de declínio das armas nucleares no mundo‘, afirmou o diretor do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês), Dan Smith.
O total de ogivas nucleares entre as nove potências nucleares (Reino Unido, China, França, Índia, Israel, Coreia do Norte, Paquistão, Rússia e Estados Unidos) caiu para 12.512 no início de 2023, em comparação com 12.710 no início de 2022, de acordo com o SIPRI.
Dessas, 9.576 estavam em ‘arsenais militares para uso potencial‘, 86 a mais do que no ano anterior.
O SIPRI distingue entre os estoques disponíveis para uso dos países e o inventário total, que inclui equipamentos obsoletos que serão desmantelados.
‘O arsenal são as ogivas nucleares utilizáveis, e esses números começam a subir‘, disse Smith, destacando que os números ainda estão longe das mais de 70.000 existentes nos anos 1980.
China, potência mundial
A maior parte do aumento é da China, cujo arsenal passou de 350 para 410 ogivas.
Pequim investiu consideravelmente em seu Exército, à medida que sua economia e sua influência cresceram, destacou o especialista.
‘O que vemos é que a China está se tornando uma potência mundial‘, completou.
Índia, Paquistão e Coreia do Norte também aumentaram seus estoques, enquanto a Rússia fez isso em menor medida. As demais potências nucleares mantiveram o tamanho de seus arsenais.
Rússia e Estados Unidos possuem, conjuntamente, quase 90% de todas as armas nucleares.
‘Tivemos mais de 30 anos de declínio no número de ogivas nucleares, e agora vemos que esse processo está chegando ao fim‘, disse Smith.
Os 82,9 bilhões de dólares gastos correspondem a uma média de 157.664 dólares (769,4 mil reais na cotação de hoje, a R$ 4,88) por minuto em 2022, calcula a ICAN em seu relatório.
Os Estados Unidos investiram 43,7 bilhões de dólares (213,2 bilhões de reais na cotação de hoje, a R$ 4,88) nessas armas, um pouco menos do que no ano anterior, mas ainda muito à frente de todas as outras potências, acrescenta o informe.
Em seguida, vêm China (11,7 bilhões de dólares, ou 57 bilhões de reais na cotação atual a R$ 4,88, cerca de 6% a mais do que em 2021) e Rússia (9,6 bilhões de dólares, ou 46,8 bilhões de reais na mesma cotação, também em torno de 6% a mais).
Com 2,7 bilhões de dólares (em torno de 13,1 bilhões de reais na mesma cotação), a Índia registrou o maior aumento do gasto em defesa (21,8%), enquanto o Reino Unido gastou 6,8 bilhões de dólares (33,1 bilhões de reais, na mesma cotação), um alta de 11%. (AFP)