Tragédia
Ciclone Mocha deixa ao menos 60 mortos em Mianmar
O fenômeno atingiu a costa daquele país no domingo (14), com ventos de até 195 quilômetros por hora
O ciclone Mocha deixou pelo menos 60 mortos ao passar pelo estado de Rakhine, no oeste de Mianmar, afirmaram as autoridades locais, no momento em que a população tenta reconstruir suas casas e aguarda a chegada de ajuda. O fenômeno atingiu a costa no domingo (14), com ventos de até 195 quilômetros por hora, derrubando postes de energia elétrica e destruindo barcos de pesca.
No estado de Rakhine, no oeste de Mianmar, ao menos 41 pessoas morreram na cidade de Bu Ma e na cidade vizinha de Jaung Doke Kar, onde a maioria dos moradores é da minoria muçulmana rohingya, perseguida em Mianmar, anunciaram os líderes locais.
Treze pessoas morreram quando um mosteiro desabou em um vilarejo no distrito de Rathedaung, ao norte da capital de Rakhine, Sittwe, e uma mulher faleceu no desabamento de um prédio em um vilarejo vizinho, segundo a emissora estatal de Mianmar, a MRTV. "Haverá mais mortes porque mais de 100 pessoas estão desaparecidas", disse Karlo, um líder local da cidade de Bu Ma.
Nas proximidades, Aa Bul Hu Son, um homem, de 66 anos, rezava no túmulo de sua filha, cujo corpo foi encontrado na manhã desta terça-feira (16). "Eu não estava bem de saúde antes do ciclone, então demoramos muito para seguir até outro lugar", contou.
"Enquanto pensávamos em sair, as ondas chegaram rapidamente e nos levaram embora", disse o morador. O homem disse que encontrou o corpo de sua filha no lago da cidade e a enterrou logo depois. "Não tenho palavras para expressar minha perda", afirmou.
Outros moradores percorreram a costa em busca de seus familiares arrastados pela tempestade que acompanhou o ciclone. O ciclone Mocha é o mais poderoso a atingir esta área em uma década, arrancando árvores e cortando as comunicações na maior parte do estado de Rakhine.
O balanço oficial divulgado pela junta militar na segunda-feira (15) citava cinco mortes e um número indeterminado de feridos. Não é possível determinar se algumas mortes de Bu Ma e Khaung Doke Kar foram incluídas no balanço divulgado pela junta.
Os rohingya são considerados forasteiros em Mianmar, onde não têm direito à cidadania e ao atendimento de saúde. Eles precisam de permissão para deixar suas aldeias em Rakhine. Uma parte dessa minoria vive em acampamentos para deslocados após décadas de conflito.
A agência de refugiados da ONU, ACNUR, afirmou que está investigando vários relatos sobre populações rohingya que moravam nesses acampamentos e que aparentemente morreram devido à tempestade. A China disse que está "disposta a entregar ajuda de emergência para catástrofes", segundo um comunicado publicado na página do Facebook da embaixada de Pequim em Mianmar. (AFP)