França
Protestos geram 80 prisões e 123 feridos
O nono dia de protestos na França contra a reforma da Previdência, imposta pelo presidente Emmanuel Macron, voltou a mobilizar mais de um milhão de pessoas e se encerrou com distúrbios que deixaram 80 detidos e 123 policiais feridos.
A decisão de Macron de impor por decreto o adiamento da idade da aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 recrudesceu, há uma semana, a contestação, que entrou na nona fase com protestos espontâneos toda noite.
O ministro do Interior, Gérard Darmanin, anunciou, na noite de ontem (23), 80 detenções e 123 policiais feridos, enquanto os distúrbios continuavam e se espalhavam pelo centro de Paris.
“A responsabilidade da situação explosiva não recai nas organizações sindicais, mas no governo”, alertaram os sindicatos, que convocaram novas mobilizações para a próxima terça-feira (28).
O novo dia de protestos vai coincidir com a visita do rei Charles III, da Inglaterra, a Bordeaux (sudoeste), onde os distúrbios provocaram na noite de ontem um incêndio na fachada da Prefeitura, segundo a imprensa local.
Os sindicatos já tinham alertado Macron por carta sobre a explosiva situação do país. O líder da central sindical CGT, Philippe Martínez, acusou o presidente nesta quinta de “jogar um tanque de gasolina ao fogo” com sua polêmica entrevista na quarta-feira (22).
Na ocasião, o presidente disse assumir a impopularidade de uma reforma que quer pôr em vigor até o fim do ano, pelo “interesse geral” e atacou os sindicatos e os manifestantes mais radicais, que classificou como “subversivos”.
Os cartazes contra a reforma dos primeiros protestos deram lugar a críticas ao presidente. O presidente da central sindical CFDT, Laurent Berger, pediu “ações não violentas” para não perder o apoio da opinião pública. No entanto, 70% dos franceses responsabilizam o governo pela violência, segundo uma pesquisa realizada ontem pelo instituto Odoxa.
“Manifestar e expressar desavenças é um direito. A violência e os danos que vimos hoje são inaceitáveis”, tuitou a primeira-ministra Élisabeth Borne, que expressou seu “reconhecimento às forças de segurança” mobilizadas. (AFP)