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Um apelo à paz

Papa clama contra o horror da guerra na República Democrática do Congo

O pontífice argentino, de 86 anos, expressou em Kinshasa, a capital, sua indignação diante da ‘exploração ilegal dos bens deste país e do sacrifício sangrento de vítimas inocentes‘ da guerra

02 de Fevereiro de 2023 às 00:26
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Mais de um milhão de pessoas acompanharam a missa
Mais de um milhão de pessoas acompanharam a missa (Crédito: TIZIANA FABI/AFP)

O papa Francisco clamou, nesta quarta-feira (1º), contra ‘as atrocidades cruéis‘ da guerra na República Democrática do Congo, no segundo dia de sua visita a este país africano, onde celebrou uma missa multitudinária.

O pontífice argentino, de 86 anos, expressou em Kinshasa, a capital, sua indignação diante da ‘exploração ilegal dos bens deste país e do sacrifício sangrento de vítimas inocentes‘ da guerra.

A região leste do país com mais católicos da África é cenário de atos de violência entre dezenas de grupos armados. Desde o fim de 2021, rebeldes do M23 tomaram partes da província de Kivu do Norte. Confrontos deixaram centenas de milhares de mortos e milhões de deslocados.

‘Dirijo um apelo veemente a todas as pessoas, a todas as entidades, internas e externas, que manipulam as cordas da guerra na República Democrática do Congo, depredando-a, flagelando-a e desestabilizando-a‘, disse o papa.

‘Chega! Chega de enriquecer às custas dos mais fracos, chega de enriquecer com recursos e dinheiro manchados de sangue!‘, clamou.

Apesar de suas muitas reservas minerais, a RDC é um dos países mais pobres do mundo, com quase dois terços de sua população com renda inferior a 2,15 dólares por dia, segundo o Banco Mundial.

Após a missa, o papa ouviu os testemunhos de quatro vítimas do conflito, que lhe relataram ‘sofrimentos atrozes‘.

Emelda M’karhungulu contou ao papa os ‘maus tratos‘ que sofreu durante três meses nos quais foi reduzida à condição de ‘escrava sexual‘.

‘Às vezes, misturavam cabeças de pessoas a carne de animais. Era nossa alimentação diária‘, relatou.
‘Diante da violência desumana que viram com seus olhos e experimentaram na própria pele, ficamos impressionados. E não há palavras; só chorar, ficando em silêncio‘, respondeu o papa, visivelmente emocionado.

Missa com mais de um milhão de pessoas

Os testemunhos das vítimas contrastaram com o clima festivo da manhã, quando foi celebrada uma missa multitudinária em Kinshasa, megalópole de 15 milhões de habitantes.

Mais de um milhão de pessoas participaram desta celebração na pista de pouso do aeroporto N’dolo.
Amanhã, Francisco viajará a Juba, capital do Sudão do Sul, onde pedirá paz para este país conflituoso.(AFP)