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Internacional

Presidente do Peru negocia acordo para poder governar

Há manifestações e bloqueios em rodovias na região sul do país

11 de Dezembro de 2022 às 00:01
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Dina Boluarte assumiu a presidência no lugar de Pedro Castillo, que está preso
Dina Boluarte assumiu a presidência no lugar de Pedro Castillo, que está preso (Crédito: CRIS BOURONCLE / AFP (9/12/2022))

A nova presidente do Peru, Dina Boluarte, negociava ontem a formação do seu governo, enquanto manifestações exigindo novas eleições continuavam nas ruas, após a destituição do presidente Pedro Castillo.

Dina Boluarte deve tomar “decisões imediatas para sair de certas dificuldades e gerar confiança e tranquilidade”, comentou José Williams, chefe do Congresso peruano dominado pela direita.

“Peço calma à população (...) É um momento difícil, mas tem que ser superado da melhor forma”, declarou a presidente à rádio RPP, em suas primeiras declarações desde que o Congresso destituiu Castillo.

Dina foi empossada como a primeira mulher presidente do Peru poucas horas depois de Castillo, que enfrentava uma série de investigações por corrupção, ser deposto em uma votação do Congresso.

Castillo tentou evitar essa votação, a terceira contra ele desde que assumiu o cargo há 18 meses, anunciando a dissolução do Parlamento e anunciando que governaria por decreto. Mas suas ordens foram ignoradas pelo Congresso e pelas Forças Armadas.

“A Constituição foi violada”, disse Williams ontem, ao justificar a destituição de Castillo, detido por sua própria escolta enquanto se dirigia à embaixada mexicana para solicitar asilo político e colocado em prisão preventiva por sete dias na última quinta-feira. O Ministério Público o acusa de rebelião e, se for considerado culpado, pode pegar entre 10 e 20 anos de prisão.

Dina Boluarte negocia com a bancada da direita, dada a deserção da esquerda para se juntar às negociações. Sua decisão de governar até o fim do mandato de Castillo, em 28 de julho de 2026, gerou problemas.

A demanda por novas eleições está ligada a uma rejeição esmagadora do Congresso: de acordo com pesquisas realizadas em novembro, 86% dos peruanos desaprovam o Parlamento.

A lentidão de Dina em tomar decisões gerou passeatas e bloqueios de estradas exigindo novas eleições e a libertação de Castillo. Ela não descartou convocar eleições antecipadas em busca de uma solução pacífica para a crise política, e pediu calma à população.

Uma marcha em Lima convocada por grupos de estudantes, trabalhadores e partidos políticos de esquerda gera atenção. Os bloqueios de rodovias continuavam pelo terceiro dia no sul do país, onde Castillo, um ex-professor de escola rural, tem grande apoio.

Em Lima, milhares de manifestantes que tentaram chegar à sede do Congresso na quinta e sexta-feira foram contidos pelas forças de ordem. A polícia usou gás lacrimogêneo para acabar com a mobilização.

Os últimos acontecimentos levaram a polícia a anunciar a suspensão das férias e licenças de seus agentes até nova ordem. Na sede da polícia onde o ex-presidente está detido por ordem judicial, dezenas de apoiadores de Castillo fazem vigília exigindo a sua libertação. (AFP)