Internacional
Atentado mata 15 em santuário xiita no Irã
Quinze pessoas morreram e dezenas ficaram feridas ontem (26) em um atentado contra o principal santuário xiita do sul do Irã, cuja autoria foi reivindicada pelo grupo Estado Islâmico (EI).
O ataque foi realizado por um indivíduo durante a oração vespertina no mausoléu de Shah Cheragh, na cidade de Shiraz, informou o governador da região, Mohammad-Hadi Imanieh, à TV local. O agressor “abriu fogo às cegas contra os fiéis” no mausoléu, onde se encontra o túmulo de Ahmad, irmão do imã Reza, uma das figuras mais veneradas do xiismo.
“Um único terrorista está envolvido nesse ataque”, afirmou o chefe do Judiciário local, Kazem Mousavi, relatando um balanço de “pelo menos 15 mortos e 19 feridos”. O autor do ataque, “filiado aos grupos takfiri, foi preso”, acrescentou. O termo “takfiri” designa os integrantes de grupos radicais sunitas, outro ramo do islã.
A TV divulgou que “as forças de segurança feriram o agressor”, que estava sendo submetido a uma cirurgia. O EI reivindicou a autoria do atentado e divulgou um número de vítimas maior do que o oficial.
Um miliciano do EI abriu fogo contra os fiéis do mausoléu Shah Cheragh, “matando pelo menos 20 pessoas e ferindo dezenas‘, indicou a organização radical sunita em comunicado publicado no aplicativo Telegram.
Uma testemunha declarou à agência oficial Irna que ouviu “gritos de mulher” e que “o agressor entrou e atirou dentro do santuário”. Imagens divulgadas pela imprensa oficial mostram um banho de sangue, com corpos cobertos por lençóis.
O atentado de ontem foi o segundo deste ano contra um local de culto xiita no Irã, país de 83 milhões de habitantes onde esse ramo do islã é religião de Estado.
Mais protestos
Forças de segurança iranianas abriram fogo contra manifestantes reunidos ontem (26) na cidade natal de Masha Amini, onde milhares de pessoas lembraram a morte da jovem. A Justiça iraniana anunciou ter acusado outros 300 detidos. Com isso, o número oficial de acusados pelas manifestações já passa de mil.
O grupo de defesa dos direitos humanos Hengaw, com sede na Noruega, denunciou no Twitter que “as forças de segurança lançaram gás lacrimogêneo e abriram fogo contra pessoas na praça Zindan, em Saqez”.
Desafiando as rígidas medidas de segurança, cerca de 2 mil manifestantes se reuniram no cemitério do Curdistão iraniano, onde a jovem Mahsa foi sepultada. Amini, de 22 anos, morreu em 16 de setembro, três dias depois de ser detida pela polícia da moral quando visitava Teerã com o irmão. Ela foi acusada de violar o rígido código de vestimenta da República Islâmica, que impõe o uso do véu às mulheres.
“Este é o ano do sangue, Seyed Ali será derrubado”, gritaram alguns manifestantes em um vídeo que teve a veracidade comprovada pela AFP, referindo-se ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei. (AFP)