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Política

Partido Conservador elege Rishi Sunak novo premiê britânico

Bilionário Rishi Sunak foi designado pelo Partido Conservador britânico, nesta segunda-feira (24), para substituir Liz Truss

24 de Outubro de 2022 às 14:31
Cruzeiro do Sul [email protected]
 New Conservative Party leader and incoming prime minister Rishi Sunak waves as he leaves from Conservative Party Headquarters in central London having been announced as the winner of the Conservative Party leadership contest, on October 24, 2022. Britain's next prime minister, former finance chief Rishi Sunak, inherits a UK economy that was headed for recession even before the recent turmoil triggered by Liz Truss. (Photo by JUSTIN TALLIS / AFP)
Novo primeiro- ministro, Rishi Sunak (Crédito: AFP (24/10/2022))

O bilionário Rishi Sunak foi designado pelo Partido Conservador britânico, nesta segunda-feira (24), para substituir Liz Truss como seu líder e próximo primeiro-ministro, já que sua adversária Penny Mordaunt não obteve apoio suficiente para apresentar uma candidatura.

"Rishi Sunak foi eleito líder do Partido Conservador", anunciou o responsável pela bancada parlamentar, Graham Brady.

Pouco antes, Mordaunt havia reconhecido sua derrota no Twitter e dado seu "pleno apoio" ao ex-ministro das Finanças de 42 anos, que se tornou o primeiro chefe de Governo de uma minoria étnica no Reino Unido.

O rei Charles III deve voltar para Londres ainda hoje, saindo de sua propriedade privada em Sandringham, na costa leste da Inglaterra. É provável que receba Sunak na terça-feira (25), para nomeá-lo, oficialmente, como o terceiro premiê do país em dois meses.

"Agora precisamos de estabilidade e de unidade", declarou Sunak em um breve discurso feito em frente à sede do partido, reconhecendo que o Reino Unido enfrenta "um profundo desafio econômico".

"Minha prioridade máxima será unir nosso partido e nosso país, porque apenas assim superaremos os desafios que enfrentamos e construiremos um futuro melhor e mais próspero", acrescentou.

Dois meses depois de fracassar na primeira tentativa de liderar o Partido Conservador e comandar o governo, Sunak foi o único candidato com apoio suficiente - pelo menos 100 do total de 357 deputados conservadores -, ao final do prazo de candidatura, às 14h locais (10h de Brasília).

Em um comunicado divulgado no domingo à noite (23), Boris Johnson, de 58 anos, anunciou que tinha o apoio de pelo menos 100 deputados, mas que optou por não apresentar seu nome à sucessão de Liz Truss.

Ela substituiu o então polêmico premiê em 6 de setembro passado, depois que ele foi obrigado por suas fileiras a renunciar em julho na esteira de uma série de escândalos.

"Não seria o correto. Não se pode governar com eficácia, se não há um partido unido no Parlamento", explicou o ex-líder conservador, cuja eventual candidatura dividia profundamente o partido.

Johnson estava de férias com a família na República Dominicana, quando Truss anunciou a renúncia na quinta-feira (20), abalada pelo caos financeiro provocado por suas polêmicas políticas fiscais após apenas um mês e meio no poder.

No sábado (22), Johnson antecipou o retorno a Londres para sondar o terreno a respeito de um possível retorno político, mas acabou desistindo da ideia pela incapacidade de unir o partido.

A decisão abriu o caminho para Sunak, ex-ministro das Finanças de Johnson acusado por muitos de ter desencadeado a queda de BoJo em julho.

Primeiro premiê de minoria étnica 

Este bilionário e ex-executivo do setor bancário, neto de imigrantes indianos, que estudou nas escolas de elite britânica, será o primeiro chefe de Governo de religião hindu no momento em que começa o Diwali, importante festividade hindu muito popular entre a comunidade indiana britânica.

Sua nomeação "é, obviamente, um momento muito importante para questões raciais neste país", afirmou o cientista político Anand Menon, da King's College London, em entrevista à rede BBC.

"Mesmo antes tínhamos um gabinete com um bom grau de representação das minorias étnicas. E ter alguém no cargo mais alto é simbolicamente muito, muito importante. Mas me tranquiliza ver que não houve tanta discussão a respeito, quase como se o povo britânico tivesse aceitado que isso é normal", completou.

Ontem, Mordaunt, de 49 anos, disse que prosseguiria com a tentativa de se tornar a quarta primeira-ministra da história do país, depois da efêmera Truss, e aplaudiu a renúncia de Johnson. "Ao tomar esta decisão difícil, colocou o país à frente do partido. E o partido à frente dele mesmo", tuitou nesta segunda-feira.

Ela não conseguiu, porém, os apoios necessários.

A eleição de Truss em setembro já deixou claro que os filiados ao partido, em sua grande maioria homens brancos com mais de 50 anos, não votam com os mesmos critérios que os deputados conservadores.

Defensor da ortodoxia orçamentária, Sunak é considerado por muitos parlamentares de direita como a pessoa adequada para tranquilizar os mercados e retirar o Reino Unido da crise econômica e social, agravada pelos planos ultraliberais de Truss em um momento de elevada inflação.

A oposição trabalhista, que tem grande vantagem nas pesquisas de intenção de voto, insiste em pedir a convocação de eleições antecipadas. Uma opção que teria o apoio da maioria dos britânicos. (AFP)