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Ativistas de Rússia, Ucrânia e Belarus levam Nobel da Paz

08 de Outubro de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
(Crédito: AFP)

 

O Prêmio Nobel da Paz foi atribuído ontem (7) a um trio de representantes da sociedade civil de Ucrânia, Rússia e Belarus, três dos principais atores do conflito ucraniano, uma escolha altamente simbólica a favor da “coexistência pacífica”. A honraria foi indicada ao ativista bielorrusso preso Ales Bialiatski, à ONG russa Memorial (cuja dissolução foi ordenada pelas autoridades russas) e ao Centro pelas Liberdades Civis da Ucrânia.

“O Comitê Nobel Norueguês deseja honrar três defensores excepcionais dos direitos humanos, da democracia e da coexistência pacífica nos três países vizinhos que são Belarus, Rússia e Ucrânia”, disse sua presidente, Berit Reiss-Andersen.

Como os especialistas esperavam, o comitê quis enviar uma mensagem contra a guerra na Ucrânia, que mergulhou a Europa na mais séria crise de segurança desde a Segunda Guerra Mundial.

Oleksandra Matviichuk, do Centro para Liberdades Civis - SAMUEL CORUM / AFP (21/9/2022)
Oleksandra Matviichuk, do Centro para Liberdades Civis (crédito: SAMUEL CORUM / AFP (21/9/2022))

Berit Reiss-Andersen instou Belarus a libertar Ales Bialiatski, presidente fundador do centro para a defesa dos direitos humanos Viasna (“Primavera”, em bielorrusso), preso após as manifestações maciças de 2020 contra a reeleição do presidente Alexander Lukashenko, considerada fraudulenta pelos países ocidentais. Belarus, por sua vez, criticou a decisão do comitê.

Já Memorial é a principal organização de defesa dos direitos humanos da Rússia. A Suprema Corte do país ordenou a dissolução da estrutura central do grupo, chamada Memorial International, em dezembro de 2021. Além de montar um centro de documentação sobre as vítimas do stalinismo, Memorial coleta e arquiva informações sobre a repressão e violações de direitos humanos na Rússia.

Logo após o anúncio do prêmio, a ONG abordou o processo aberto contra ela na Rússia. “Enquanto o mundo inteiro nos parabeniza pelo Prêmio Nobel, está ocorrendo um processo no tribunal de Tverskoi (em Moscou)” contra o grupo, denunciaram seus líderes. Pouco depois, o tribunal ordenou buscas nos escritórios da ONG na capital.

Lev Ponomarev, um dos fundadores da ONG Memorial  - CHRISTOPHE ARCHAMBAULT / AFP
Lev Ponomarev, um dos fundadores da ONG Memorial (crédito: CHRISTOPHE ARCHAMBAULT / AFP)

Um de seus fundadores, Lev Ponomarev, se disse honrado pelo prêmio, mas afirmou que preferiria que a distinção fosse concedida aos presos políticos russos. “Penso em (Alexei) Navalny, penso em Vladimir Kara-Murza, penso em Ilia Yachin”, três opositores do Kremlin, disse Ponomarev à AFP, em Paris.

Por sua vez, o Centro para as Liberdades Civis da Ucrânia, fundado em 2007, desde a invasão russa do território ucraniano intensificou seus esforços para identificar e documentar crimes de guerra supostamente cometidos pelas forças russas contra civis ucranianos. (AFP)

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