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Internacional

China assusta com mísseis perto de Taiwan durante exercícios militares

Manobras militares agressivas são resposta à visita de Nancy Pelosi; EUA pedem diminuição de tensões

05 de Agosto de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Helicópteros militares sobrevoam a ilha de Pingtan, ponto de Taiwan próximo à China continental
Helicópteros militares sobrevoam a ilha de Pingtan, ponto de Taiwan próximo à China continental (Crédito: HECTOR RETAMAL / AFP)

 

A China lançou 11 mísseis perto de Taiwan, ontem (4), durante exercícios militares após uma visita à ilha da presidente da Câmara do Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi. Washington classificou a atitude como uma reação “exagerada” e pediu a diminuição das tensões.

Apesar das advertências de Pequim, que considera Taiwan parte de seu território, Pelosi, segunda na linha de sucessão presidencial, fez uma visita relâmpago a Taipé, durante a qual afirmou que os Estados Unidos “não abandonarão” a ilha. Ontem, ela chegou ao Japão, última etapa de sua viagem asiática.

A China considerou a iniciativa da congressista democrata uma “provocação”. Em resposta, realizou uma série de manobras militares nas águas próximas de Taiwan, que incluem algumas das rotas marítimas mais movimentadas do mundo.

Washington acusou Pequim de ter reagido “exageradamente” à visita de Pelosi e alertou que seu porta-aviões “USS Reagan” continuará a “monitorar” os arredores de Taiwan. Os Estados Unidos também anunciaram que adiaram um teste de mísseis intercontinentais “para evitar uma maior escalada de tensões”, segundo o porta-voz do Departamento de Defesa, John Kirby.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse esperar que a China não “procure um pretexto para aumentar suas operações militares agressivas”.

As manobras de Pequim incluíram “disparos de mísseis convencionais” nas águas da costa leste de Taiwan, segundo Shi Yi, porta-voz das forças armadas chinesas. O ministério taiwanês da Defesa confirmou que exército chinês disparou 11 mísseis balísticos do tipo Dongfeng nas águas do norte, sul e leste de Taiwan.

Além disso, denunciou que 22 aviões militares cruzaram a “linha média” do Estreito de Taiwan, uma coordenada não oficial, mas que raramente é ultrapassada, no meio do caminho entre a costa da China e as da ilha autônoma.

Impacto grave

O Japão pediu o “fim imediato” das manobras chinesas, após indicar que cinco mísseis caíram supostamente em sua zona econômica exclusiva (ZEE) e que quatro deles podem ter “sobrevoado a ilha de Taiwan”.

“As ações chinesas desta vez têm grande impacto na paz e segurança da região”, declarou o chanceler japonês Yoshimasa Hayashi, à margem de uma reunião ministerial de países do sudeste asiático no Camboja.

As manobras militares chinesas, as maiores e mais agressivas das últimas décadas, devem durar até domingo. Pequim defendeu os exercícios, assim como outras manobras executadas nos últimos dias, como “justos e necessários”, ao mesmo tempo em que culpou Washington e seus aliados pela escalada.

Em relação à “visita de Pelosi a Taiwan, os Estados Unidos são o provocador, a China é a vítima”, declarou a porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Hua Chunying. Uma fonte militar chinesa disse à AFP que os exercícios acontecem “em preparação para um combate real”.

“Se as forças taiwanesas entrarem em contato com o Exército Popular de Libertação (EPL) e acidentalmente dispararem uma arma, o EPL adotará medidas severas e todas as consequências acontecerão do lado taiwanês”, acrescentou a fonte.

Os exercício buscam simular um “bloqueio” da ilha e incluem o “ataque a alvos no mar, o ataque a alvos em terra e o controle do espaço aéreo”, segundo a agência oficial Xinhua. (AFP)