Buscar no Cruzeiro

Buscar

Guerra na Ucrânia

Acordo libera escoamento de 25 milhões de toneladas de grãos

23 de Julho de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Ucrânia e Rússia não assinaram o acordo diretamente: a ONU e a Turquia intermediaram
Ucrânia e Rússia não assinaram o acordo diretamente: a ONU e a Turquia intermediaram (Crédito: OZAN KOSE / AFP)

Ucrânia e Rússia assinaram ontem (22) um acordo com a Turquia e as Nações Unidas sobre a exportação de grãos e de produtos agrícolas através do Mar Negro, a fim de aliviar a grave crise alimentar mundial. Depois de cinco meses de conflitos, o tratado foi considerado um grande acordo diplomático.

Após várias rodadas de negociações, as delegações de Kiev e Moscou assinaram dois textos idênticos, mas separados, conforme solicitado pelo governo ucraniano, que se recusou a assinar qualquer documento diretamente com os russos.

O acordo, negociado desde abril sob os auspícios da ONU e da Turquia, estabelece “corredores seguros” para que navios ucranianos entrem e saiam de três portos do Mar Negro: Odessa e seus satélites Pivdenny e Chornomorsk.

Ambas as partes também concordam em “não atacar” os navios de seus oponentes, de acordo com um funcionário da ONU.

“Hoje há um raio no Mar Negro: um raio de esperança, um raio de possibilidade, um raio de alívio”, reagiu o secretário-geral da ONU, António Gutteres, durante a cerimônia realizada no Palácio de Dolmabahçe.

O acordo “aliviará os países em desenvolvimento à beira da falência e as pessoas mais vulneráveis à beira da fome”, disse.

O documento foi assinado com validade de quatro meses e será renovado automaticamente. As operações serão monitoradas por um centro de coordenação em Istambul, que garantirá o cumprimento do acordo.

Este é o primeiro grande pacto selado por ambos os lados desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro.

‘Caminho para a paz‘

O conflito, que já deslocou milhões de pessoas e deixou milhares de mortos, está sendo travado entre dois dos maiores produtores de grãos do mundo.

Cerca de 25 milhões de toneladas de trigo e de outros cereais estão atualmente bloqueadas nos portos da região de Odessa pela presença de navios de guerra russos e minas colocadas por Kiev para defender sua costa.

Antes de selar o acordo, Kiev alertou que qualquer violação do documento por parte de Moscou e qualquer incursão a portos ucranianos teriam uma “resposta militar” imediata.

“Confiamos na ONU como promotora deste acordo, como instituição e no secretário-geral”, disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, durante uma entrevista coletiva. “Confiamos na ONU. Agora é sua responsabilidade garantir que o acordo seja respeitado”, afirmou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

O ministro da Defesa russo, Sergey Shoigu, assegurou que Moscou não aproveitará o fato de que os portos ucranianos ficarão abertos e livres de minas. Também observou que a Rússia conseguiu que Washington e Bruxelas se comprometessem separadamente a suspender todas as restrições às suas próprias exportações de grãos e outros produtos agrícolas. (AFP)