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Ataque de 4 de julho

EUA: acusado por homicídios comprou armas mesmo investigado

Autoridades acusaram oficialmente o rapper Robert Crimo III por sete assassinatos em primeiro grau

06 de Julho de 2022 às 12:05
Cruzeiro do Sul [email protected]
Ataque em Highland Park, durante o desfile de 4 de Julho, deixou sete mortos e dezenas de feridos
Ataque em Highland Park, durante o desfile de 4 de Julho, deixou sete mortos e dezenas de feridos (Crédito: Jim Vondruska/ Getty Images North America/ AFP )

Autoridades americanas acusaram na terça-feira (5) o rapper Robert Crimo III de sete homicídios em primeiro grau, na primeira acusação oficial que coloca o jovem de 21 anos como autor do ataque a tiros durante o desfile de 4 de Julho em Highland Park, um subúrbio rico de Chicago. Em uma evolução do caso, a polícia afirmou que Crimo, até então, uma "pessoa de interesse" na investigação, conseguiu comprar armas de fogo mesmo tendo sido investigado por ameaça.

De acordo com a polícia do Condado de Lake, o suspeito teria passado semanas planejando o ataque e se vestiu com roupas femininas para escapar do local sem chamar atenção das autoridades. Ele atirou 70 vezes contra as pessoas que acompanhavam o desfile patriótico, matando sete - a 7ª vítima morreu depois de ser socorrida - e ferindo dezenas.

O porta-voz da Força-Tarefa de Crimes Graves do Condado de Lake, Christopher Covelli, detalhou que Crimo conseguiu comprar cinco armas de fogo entre 2020 e 2021, incluindo o rifle semiautomático - que provavelmente foi a arma usada para atirar contra a multidão - apesar de ter sido alvo da polícia anteriormente.

Em 2019, policiais responderam a um chamado após uma denúncia anônima reportar que o jovem teria tentado suicídio. Meses depois, policiais voltaram a atender uma ocorrência na casa de Crimo, quando um familiar relatou que ele havia ameaçado "matar todo mundo". Na segunda ocorrência, foi apreendida uma coleção de facas em posse do rapper.

Os novos detalhes acenderam um debate sobre a conduta das autoridades de Illinois, levantando dúvida sobre a aplicação das leis relativamente rígidas de controle de armas no Estado para impedir que Crimo as adquirisse nos anos seguintes.

Contudo, a Polícia do Estado de Illinois defendeu, em um comunicado, a decisão de conceder uma permissão para Crimo possuir uma arma, que ele solicitou em dezembro de 2019, três meses depois que a polícia tirou as facas de sua casa.

Na época, "não havia base suficiente para estabelecer um perigo claro e presente" para negar o pedido, disse a polícia estadual em comunicado. Os investigadores que interrogaram o suspeito e revisaram suas postagens nas redes sociais não determinaram um motivo ou encontraram qualquer indicação de que ele visava vítimas por raça, religião ou outra condição específica, disse Covelli.

No início do dia, agentes do FBI vasculharam latas de lixo e debaixo de cobertores de piquenique enquanto procuravam por mais evidências no local. Os tiros foram inicialmente confundidos com fogos de artifício antes de centenas de pessoas fugirem aterrorizadas.

O advogado de Crimo, Thomas Durkin, um proeminente profissional de Chicago, disse que pretende entrar com uma declaração de inocência para todas as acusações. Questionado sobre o estado emocional de seu cliente, Durkin disse que falou com Crimo apenas uma vez - por 10 minutos por telefone. Ele se recusou a comentar mais.

Steve Greenberg, o advogado dos pais, disse, na noite de terça-feira (5), que os pais não estão preocupados em serem acusados de qualquer coisa relacionada ao caso de seu filho. "Não há chance de que eles sejam acusados de qualquer coisa criminosa", disse ele. "Eles não fizeram nada de errado. Eles estão tão atordoados e chocados quanto qualquer um."

Violência

O tiroteio foi apenas o mais recente ato de violência durante rituais da vida americana. Escolas, igrejas, mercearias e agora desfiles comunitários tornaram-se campos de matança nos últimos meses. Desta vez, o derramamento de sangue veio quando a nação tentou celebrar sua fundação e os laços que ainda a mantêm unida. Desde o início do ano, os EUA viram 15 ataques a tiros em que quatro ou mais pessoas foram mortas, incluindo o de Highland Park, de acordo com o banco de dados de assassinatos em massa. (Estadão Conteúdo, com agências internacionais)