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Internacional

Ameaça de boicote paira sobre cúpula das Américas

México e países do Caribe discutem boicote

05 de Junho de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Número de migrantes presos aumenta na fronteira dos EUA com o México.
Número de migrantes presos aumenta na fronteira dos EUA com o México. (Crédito: PAUL RATJE/AFP (3/6/2022))

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, espera que a Cúpula das Américas estabeleça novas bases com a América Latina e o Caribe, mas o evento deve começar amanhã (6) sobre areia movediça devido às ameaças de boicote de países como o México, em meio à crise migratória.

Faltando pouco mais de 24 horas para sua abertura em Los Angeles, cidade que abriga a maior comunidade hispânica dos Estados Unidos, o anfitrião ainda não revelou a lista de governantes convidados, que se tornou a lista de divergências. Sua insinuação, há algumas semanas, de que não convidaria Cuba ou os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Nicarágua, Daniel Ortega, abriu a caixa de Pandora.
México, Bolívia, Guatemala, Honduras e o bloco caribenho de 14 nações colocaram em dúvida sua participação se esses países forem excluídos, o que os Estados Unidos dizem violar a Carta Democrática Interamericana. Não seria a primeira vez que Cuba participaria de uma dessas cúpulas, já que o fez nas duas últimas edições.

Biden está preocupado particularmente com a ausência do presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador nesta nona reunião dos países da região. ‘Nossa relação com o México é e continuará sendo positiva‘ e o presidente ‘quer pessoalmente‘ que López Obrador compareça, disse esta semana Juan González, principal conselheiro da Casa Branca para as Américas. Devido ao problema migratório, os Estados Unidos precisam de López Obrador e ele ‘vê que a posição de desafiar Biden o faz aparecer como um líder latino-americano‘, comentou Michael Shifter, professor da Universidade de Georgetown.
O presidente do Chile, Gabriel Boric, e o da Argentina, Alberto Fernández, se uniram ao chamado para estender os convites a todos, mas estarão presentes na reunião.

No sul do México, uma caravana de 11.000 migrantes venezuelanos planeja seguir, amanhã, em direção aos Estados Unidos. E a migração pode afetar Biden nas eleições de meio de mandato em novembro, nas quais ele pode perder o controle do Congresso.

No nível diplomático, a cúpula, que terminará em 10 de junho com a guerra na Ucrânia como pano de fundo, permitirá que Biden se encontre com alguns presidentes. Entre eles Jair Bolsonaro, aliado do ex-presidente Donald Trump e com quem o atual inquilino da Casa Branca não se encontra há quase um ano e meio. Os dois discutirão questões bilaterais e globais, insegurança alimentar, resposta econômica à pandemia, saúde e aquecimento global, já que ‘todas as prioridades da cúpula são áreas nas quais o Brasil desempenha um papel incrivelmente importante‘, listou Juan Gonzalez. (AFP)