Internacional
Corte de gás russo aumenta crise de energia na Europa
A União Europeia acusou ontem (27) a Rússia de “chantagem” após a estatal russa Gazprom cortar o fornecimento de gás natural para Polônia e Bulgária. O corte foi a retaliação mais dura até agora de Moscou às sanções internacionais adotadas após a invasão da Ucrânia.
A Rússia anunciou o corte um dia após os EUA e 40 países aliados se comprometerem a enviar mais armas à Ucrânia. A mudança mais significativa foi da Alemanha, que disse que enviaria dezenas de veículos antiaéreos blindados.
“O anúncio da Gazprom, de que está interrompendo unilateralmente a entrega de gás a clientes na Europa, é mais uma tentativa da Rússia de usar o gás como instrumento de chantagem”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. “Isso é injustificável e inaceitável.”
O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, disse que a medida era “um ataque direto” à Polônia. “Vamos lidar com essa chantagem de forma que não afete os poloneses. A Polônia não precisará de gás russo.”
A medida aumenta o impasse entre Moscou e o Ocidente sobre a guerra na Ucrânia e pode complicar ainda mais o crescente divisão na Europa sobre o fim da dependência do bloco da energia russa.
Esta é a primeira interrupção no fornecimento de gás desde que o presidente russo, Vladimir Putin, disse que “países hostis” teriam de pagar pelo produto em rublos. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, rejeitou as acusações de chantagem e alertou sobre cortes adicionais se os países não cederem às exigências da Rússia.
Fatih Birol, diretor da Agência Internacional de Energia, disse que a medida era “mais um sinal da politização da Rússia dos acordos existentes” e previu que o corte “só acelerará os esforços europeus para se livrar do fornecimento de gás russo”. A Polônia obtém mais de 45% de seu gás natural da Rússia e a Bulgária mais de 70%.
No G20
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou ontem que foi convidado para a cúpula do G20, marcada para novembro, em Bali. Em seu Twitter, o ucraniano disse ter conversado com o homólogo da Indonésia, Joko Widodo, líder do país que mantém a presidência do grupo em 2022.
O grupo de países inclui a Rússia, e a presença de Moscou é incerta, especialmente após pedidos do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para uma exclusão do integrante da reunião. (Estadão Conteúdo)