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Guerra na Ucrânia

Putin ordena cerco de usina, último reduto ucraniano em Mariupol

Presidente russo desistiu de atacar a usina de Mariupol; em vez disso, ele ordenou um bloqueio completo das instalações

22 de Abril de 2022 às 08:43
Cruzeiro do Sul [email protected]
Presidente da Rússia, Vladimir Putin
Presidente da Rússia, Vladimir Putin (Crédito: AFP)

O presidente russo, Vladimir Putin, desistiu de atacar a usina de Mariupol, último reduto da resistência ucraniana na cidade portuária. Em vez disso, ele ordenou um bloqueio completo das instalações, onde milhares de soldados ucranianos e civis estão encastelados há dias. Em uma reunião televisionada, Putin disse que a invasão era desnecessária. "Cerquem esta área industrial para que nenhuma mosca possa passar", afirmou.

Mariupol está sob ataque pesado desde o início da guerra, em fevereiro. A cidade é considerada estratégica e fundamental para a Rússia. Seu controle deixa o Mar de Azov sob domínio russo e cria uma ligação terrestre entre a Península da Crimeia, anexada em 2014, o a região de Donbas, no leste da Ucrânia.

Estratégica

Além disso, o controle de Mariupol permite liberar mais soldados para lutar em outras frentes da guerra na Ucrânia. A usina de Azovstal, um complexo siderúrgico que domina a paisagem da cidade, tem um labirinto de corredores e bunkers de quatro quilômetros quadrados que favorece a resistência e torna impossível uma invasão sem pesadas baixas.

Ali estão escondidas cerca de 2 mil pessoas, segundo os ucranianos. Na avaliação do comando militar russo, uma invasão da usina seria muito custosa. O sargento Leonid Kuznetsov, da Guarda Nacional da Ucrânia, está dentro do bunker da usina, disse que os soldados seriam capazes de resistir por mais 12 horas até que a munição acabasse.

Na reunião desta quinta, 21, Putin disse que levaria vários dias para que os russos derrotassem os ucranianos na usina. "Este é o caso de pensar em preservar a vida e a saúde de nossos soldados e oficiais", afirmou o presidente russo. "Não há necessidade de escalar essas catacumbas e rastejar no subsolo através dessas instalações industriais."

Ganhos

O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, afirmou ontem que o restante de Mariupol está sob domínio da Rússia. O governo americano, no entanto, adotou um tom mais cauteloso ao falar de Mariupol. Ned Price, porta-voz do Pentágono, disse que a afirmação da Rússia de que controla a cidade é "desinformação".

"A Ucrânia continua mantendo sua posição e há todos os motivos para acreditar que o show de Putin para a mídia é mais uma vez desinformação tirada de seu manual de instruções", afirmou Price.

O presidente dos EUA, Joe Biden, também disse que não há "evidências de que Mariupol caiu completamente". "É questionável que (a Rússia) controle Mariupol", disse o presidente americano.

Atrocidades

De acordo com o prefeito de Mariupol, Vadim Boichenko, a Rússia vem tentando esconder evidências de crimes de guerra "bárbaros" na cidade, enterrando os corpos de civis mortos em valas comum.

Imagens de satélite reveladas ontem uma vala comum cavada nos arredores de Mariupol. Uma análise feita pelo New York Times indicou cerca de 300 covas abertas em um cemitério de Manhush, a 14 quilômetros da cidade, entre março e abril, durante a ocupação russa. (Estadão Conteúdo com agências internacionais)