Guerra
Ucrânia se prepara para nova ofensiva russa no leste
Governo teme a queda de Mariupol e denuncia massacre de civis
As forças ucranianas afirmaram, ontem (11), que temem a queda de Mariupol, cidade portuária estratégica no sudeste do país cercada há mais de 40 dias pelo exército russo. De acordo com separatistas pró-russos, o porto da cidade já estaria ocupado.
Na região do Donbass, no leste, o governo ucraniano espera uma iminente ofensiva russa. “De acordo com nossas informações, o inimigo está quase terminando sua preparação para um ataque no leste. O ataque começará muito em breve”, disse o porta-voz do Ministério da Defesa ucraniano, Oleksandr Motuzyanyk, também ontem.
Em Washington, um funcionário do alto escalão do Pentágono confirmou que as tropas russas se reforçam no Donbass, principalmente próximo de uma cidade-chave Izium. “Verificamos os esforços russos de reabastecimento e reforço em Donbass‘, declarou este funcionário, que citou uma coluna de tanques ao norte de Izium.
Massacre
O prefeito de Mariupol disse ontem que mais de 10 mil civis morreram no cerco russo à cidade, e que o número de mortos pode ultrapassar 20 mil, com cadáveres que “formaram um tapete nas ruas”. A cidade possuía 400 mil habitantes antes da guerra e, até o momento, cerca de 100 mil permanecem.
Vadim Boichenko também afirmou que os russos levaram equipamentos móveis de cremação à cidade para descartar os corpos. Além disso, ele voltou a afirmar que as forças invasoras se recusaram a permitir a entrada de comboios humanitários na cidade, na tentativa de esconder o massacre.
Os comentários do prefeito foram feitos no momento em que Denis Pushilin, líder dos separatistas pró-Rússia na região de Donetsk, no Donbass, afirmou que o grupo agora detém controle do porto de Mariupol.
Pessimismo
Na frente diplomática, o chefe de Governo da Áustria, Karl Nehammer, afirmou estar “pessimista” após uma reunião ontem com o presidente russo Vladimir Putin. Foi a primeira ida de um líder europeu a Moscou desde o início da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro.
“Não há necessidade para iludir-se. O presidente Putin entrou plenamente na lógica da guerra e agirá de acordo”, explicou Nehammer. “Do lado russo, eles não estão muito interessados em um encontro direto” com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acrescentou o líder do governo austríaco. (Estadão Conteúdo e AFP)