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Guerra

Zelensky quer que Rússia seja julgada por massacre de civis

Ucrânia pede fim do poder de veto no Conselho de Segurança da ONU

06 de Abril de 2022 às 00:01
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Zelensky discursou na ONU, por meio de videoconferência.
Zelensky discursou na ONU, por meio de videoconferência. (Crédito: TIMOTHY A. CLARY / AFP)

Em um duro discurso na ONU, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, chamou ontem a Rússia de criminosa de guerra e pediu que o país seja julgado por massacre de civis em Bucha, nos arredores de Kiev. Zelensky comparou os atos a crimes nazistas na 2.ª Guerra e pediu que a ONU retire o poder de veto dos russos no Conselho de Segurança.

“Estamos lidando com um Estado que está transformando o veto no Conselho de Segurança da ONU no direito de matar”, disse Zelensky. Em 25 de fevereiro, um dia após a invasão, a Rússia, que é membro permanente do Conselho de Segurança, foi a única a votar contra a resolução que condenava o ataque, impedindo sua aprovação. “A Carta da ONU deve ser restaurada. O sistema da ONU deve ser reformado imediatamente para que o veto não seja o direito de matar.”

Apesar do discurso bem talhado, a sugestão de Zelensky é utópica. O poder de veto no Conselho de Segurança é o mecanismo que manteve o órgão operando desde a sua criação, nos anos 40. Não é à toa que os cinco membros permanentes têm poder de veto: EUA, Rússia, China, Reino Unido e França são os países autorizados pelo Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) a possuir um arsenal atômico -- embora outros Estados também tenham armas nucleares, mas estejam fora desse arranjo.

Execuções

Nada disso, no entanto, deteve Zelensky. Para ele, a descoberta de corpos de civis com marcas de execução após a retirada das tropas russas em Bucha configura um crime de guerra que precisa ser investigado. O presidente ucraniano comparou a situação aos crimes nazistas na 2ª Guerra e pediu que os russos sejam punidos no Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, assim como aconteceu no Tribunal de Nuremberg, em 1946.

A parte mais efetiva do discurso, no entanto, foi quando Zelensky afirmou que crimes semelhantes foram cometidos em outras cidades ucranianas, que o mundo ainda não viu, e mostrou um vídeo com cadáveres espalhados em campos e ruas.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, acusou o Ocidente de “histeria” e disse que está inclinado a ver as recentes alegações sobre crimes de guerra na Ucrânia como “um pretexto para torpedear as negociações em curso”. (Estadão Conteúdo)