Guerra
Zelensky quer que Rússia seja julgada por massacre de civis
Ucrânia pede fim do poder de veto no Conselho de Segurança da ONU
Em um duro discurso na ONU, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, chamou ontem a Rússia de criminosa de guerra e pediu que o país seja julgado por massacre de civis em Bucha, nos arredores de Kiev. Zelensky comparou os atos a crimes nazistas na 2.ª Guerra e pediu que a ONU retire o poder de veto dos russos no Conselho de Segurança.
“Estamos lidando com um Estado que está transformando o veto no Conselho de Segurança da ONU no direito de matar”, disse Zelensky. Em 25 de fevereiro, um dia após a invasão, a Rússia, que é membro permanente do Conselho de Segurança, foi a única a votar contra a resolução que condenava o ataque, impedindo sua aprovação. “A Carta da ONU deve ser restaurada. O sistema da ONU deve ser reformado imediatamente para que o veto não seja o direito de matar.”
Apesar do discurso bem talhado, a sugestão de Zelensky é utópica. O poder de veto no Conselho de Segurança é o mecanismo que manteve o órgão operando desde a sua criação, nos anos 40. Não é à toa que os cinco membros permanentes têm poder de veto: EUA, Rússia, China, Reino Unido e França são os países autorizados pelo Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) a possuir um arsenal atômico -- embora outros Estados também tenham armas nucleares, mas estejam fora desse arranjo.
Execuções
Nada disso, no entanto, deteve Zelensky. Para ele, a descoberta de corpos de civis com marcas de execução após a retirada das tropas russas em Bucha configura um crime de guerra que precisa ser investigado. O presidente ucraniano comparou a situação aos crimes nazistas na 2ª Guerra e pediu que os russos sejam punidos no Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, assim como aconteceu no Tribunal de Nuremberg, em 1946.
A parte mais efetiva do discurso, no entanto, foi quando Zelensky afirmou que crimes semelhantes foram cometidos em outras cidades ucranianas, que o mundo ainda não viu, e mostrou um vídeo com cadáveres espalhados em campos e ruas.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, acusou o Ocidente de “histeria” e disse que está inclinado a ver as recentes alegações sobre crimes de guerra na Ucrânia como “um pretexto para torpedear as negociações em curso”. (Estadão Conteúdo)