Internacional
Ocidente reage a massacre de ucranianos pela Rússia
Biden pede que Putin seja julgado por crimes de guerra
A Rússia enfrenta uma onda de condenações após evidências de genocídio na Ucrânia. Uma das acusações mais duras veio do presidente americano, Joe Biden, que pediu ontem que Vladimir Putin seja julgado por crimes de guerra pelo massacre cometido por tropas russas em Bucha. No fim de semana, os ucranianos retomaram a cidade e encontraram corpos em valas comuns e espalhados pelas ruas com sinais de execução -- muitos com as mãos amarradas e tiros na cabeça.
“Temos de obter todos os detalhes para que haja um julgamento por crimes de guerra”, disse Biden. “Esse cara (Putin) é brutal e o que está acontecendo em Bucha é ultrajante.” O Kremlin negou qualquer responsabilidade e disse que as imagens de civis executados em Bucha não passavam de uma “encenação” da Ucrânia, que teria montado um cenário após a retirada das tropas russas.
No entanto, imagens de satélite analisadas pelo New York Times derrubam as alegações da Rússia de que o assassinato de civis ocorreu depois que seus soldados deixaram a cidade. As fotos mostraram que pelo menos 11 corpos apareciam caídos na rua Yablonska, em Bucha, desde 11 de março, quando os russos ocupavam a cidade.
Autoridades ucranianas disseram ter encontrado 410 corpos de civis em cidades ao redor de Kiev capturadas nos últimos dias. Em Bucha, jornalistas da Associated Press viram 21 corpos, incluindo um grupo de nove pessoas em trajes civis baleadas à queima-roupa. Pelo menos dois estavam com as mãos atadas atrás das costas.
Na cidade de Borodianka, a noroeste de Kiev, nem mesmo um monumento ao poeta, escritor e figura política ucraniana Taras Shevchenko escapou dos ataques.
Na Europa, o impacto das imagens parece ter pesado em favor de mais sanções, mudando principalmente a posição da Alemanha, que depende das importações de energia da Rússia. Christine Lambrecht, ministra da Defesa, admitiu discutir um embargo do petróleo russo. “Reforçaremos as sanções contra a Rússia e ajudaremos ainda mais a Ucrânia a se defender”, disse Lambrecht.
A hesitação da Alemanha vem causando irritação em outros países do bloco, principalmente na Polônia. Ontem, o governo polonês voltou a criticar a posição de alemães e franceses. A França, no entanto, que também resistia ao embargo da energia russa, admitiu mudar de opinião. O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que a União Europeia deveria abandonar a importação de carvão e petróleo da Rússia. (Estadão Conteúdo)