Internacional
ONU aprova resolução que condena invasão da Rússia à Ucrânia; Brasil vota a favor
Do total, 141 países votaram a favor e 5 contra, sendo que tiveram 35 abstenções
Matéria atualizada às 23:19
A Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou ontem (2), por maioria esmagadora, uma resolução para exigir que a Rússia retire suas tropas da Ucrânia e para “deplorar” a agressão infligida aos países vizinhos. Com 141 votos a favor, cinco contra (Rússia, Belarus, Coreia do Norte, Eritreia e Síria) e 35 abstenções (China, Bolívia, Cuba, El Salvador, Índia, Irã, Iraque, Cazaquistão, Nicarágua e Paquistão, entre outros), a resolução não vinculativa foi aprovada.
O Brasil votou a favor da resolução, assim como o México e os demais países latino-americanos que não se abstiveram. A Venezuela, aliada de Moscou, não pôde votar, por ter perdido esse direito devido ao não pagamento de sua contribuição à ONU. A dívida do país se aproxima de 40 milhões de dólares.
O texto “deplora veementemente a agressão da Federação Russa contra a Ucrânia” em violação do artigo 2 da Carta das Nações Unidas, que proíbe seus membros de recorrer à ameaça ou uso da força e insta todos os membros a respeitarem soberania, integridade territorial e independência política de qualquer Estado.
“A mensagem da Assembleia Geral é alta e clara”, disse o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, à imprensa. “Acabem com as hostilidades na Ucrânia agora. Abram a porta para o diálogo e a diplomacia agora”, acrescentou. Segundo o representante da União Europeia, Olof Skoog, “a Rússia optou pela agressão. O mundo pela paz”.
Após o fracasso do Conselho de Segurança do órgão, na última sexta-feira, em aprovar uma resolução semelhante devido ao veto da Rússia, a bola ficou no campo da Assembleia Geral da ONU em uma reunião excepcional, a primeira desta tipo em 40 anos, embora a resolução não seja vinculante.
Este resultado mostra o “isolamento da Rússia” e que o “mundo está com a Ucrânia”, concluiu Skoog.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, que descreveu o conflito como “injusto e desnecessário”, denunciou que a Rússia está “preparando um aumento na brutalidade de sua campanha contra a Ucrânia”. “Vimos vídeos de forças russas transportando armas excepcionalmente letais, que não têm lugar no campo de batalha, incluindo bombas de fragmentação e bombas a vácuo proibidas pela Convenção de Genebra”, disse.
O texto também pede caminho livre para a chegada de ajuda humanitária, um assunto de outra resolução promovida no Conselho de Segurança por França e México, e “deplora o envolvimento de Belarus” no ataque à Ucrânia.
Para o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, o resultado é “histórico”, uma opinião compartilhada pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, para quem “poucas vezes o contraste entre o bem e o mal foi tão surpreendente”. (AFP)