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Guerra na Ucrânia

Putin invade segunda maior cidade da Ucrânia

Quarto dia da campanha de Vladimir Putin contra a Ucrânia também registra uma movimentação diplomática

27 de Fevereiro de 2022 às 08:41
Cruzeiro do Sul [email protected]
Tropas russas chegam a segunda à segunda cidade da Ucrânia e Kiev tem novos bombardeios.
Tropas russas chegam a segunda à segunda cidade da Ucrânia e Kiev tem novos bombardeios. (Crédito: AFP)

Forças russas entraram neste domingo (27) na segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv, e iniciaram uma batalha nas suas ruas após uma noite de intensos combates. Em Kiev, a pressão continua com bombardeios, mas não há sinais de uma ofensiva total contra o centro da capital.

Tropas russas entraram em Kharkiv, no noroeste do país, onde ressoavam rajadas de metralhadoras, explosões de foguetes e havia combates de rua - observou um jornalista da AFP. Restos de um blindado militar russo ardiam em uma rua, e vários outros veículos haviam sido abandonados.

A cidade estava deserta, já que seus habitantes estão abrigados em suas casas. Os combates começaram na manhã de hoje, com confrontos em diferentes pontos. O chefe da administração regional, Oleg Sinegubov, informou no Facebook que foi registrada uma "incursão de veículos leves do inimigo russo na cidade de Kharkiv, incluindo a parte central".

Esta cidade de 1,4 milhão de habitantes é a segunda mais importante do país e fica a cerca de 400 quilômetros ao leste da capital, que, segundo as autoridades locais, continua sob controle das forças ucranianas.

O Exército russo anunciou, por sua vez, neste domingo, ter cercado duas grandes cidades no sul da Ucrânia, Kherson e Berdyansk, com 290.000 e 110.000 habitantes, respectivamente. "Nas últimas 24 horas, as forças armadas russas bloquearam completamente as cidades de Kherson e Berdyansk", disse o Ministério da Defesa em um comunicado.

O ministério também reivindica a tomada da cidade de Genichesk, às margens do Mar de Azov, e de um aeródromo perto de Kherson. Há ainda avanços dos separatistas pró-Rússia do leste da Ucrânia que, com o apoio do Exército russo, teriam avançado 52 quilômetros desde o início da ofensiva, segundo Moscou.

Movimentação diplomática 

O quarto dia da campanha de Vladimir Putin contra a Ucrânia também registra uma movimentação diplomática, após o Ocidente ter elevado o grau de punição a Moscou ao anunciar o início da desconexão de alguns bancos russos do sistema internacional de transferências financeiras.

No fim da manhã (madrugada no Brasil), o Kremlin anunciou que uma delegação havia sido enviada para Gomel, cidade na Belarus a 40 km da fronteira ucraniana. “Estaremos prontos para começar negociações”, disse o porta-voz de Putin, Dmitri Peskov.

Por enquanto, o governo de Volodimir Zelenski rejeita a iniciativa, presumivelmente porque o que Moscou quer é uma rendição. Em um pronunciamento, o presidente disse que seria possível conversar em Belarus se os russos não tivessem usado a ditadura aliada como uma das bases para seu ataque —justamente contra Kiev, a menos de 200 km da fronteira sul belarussa.

O ucraniano teve um sábado de sucesso midiático no Ocidente, deixando seu passado de comediante e político inábil no poder para trás ao fazer discursos desafiadores em Kiev.

Peskov não elaborou acerca do que a delegação vai exigir. Quando falou sobre o assunto, na sexta (25), havia citado que a ideia era negociar “a neutralidade da Ucrânia”. Este é o ponto principal das demandas feitas ao Ocidente por seu chefe, enquanto juntava quase 200 mil soldados em torno do vizinho: evitar que Kiev adira à Otan (aliança militar ocidental) e, por tabela, à União Europeia.

Rússia

Putin, por sua vez, apareceu rapidamente pela primeira vez em dois dias, em um pronunciamento televisivo sobre o Dia das Forças Especiais. “Eu presto especial tributo àqueles que estão desempenhando heroicamente seus deveres militares durante a operação especial para assistir as repúblicas populares do Donbass”, afirmou.

O eufemismo para a guerra virou obrigatório para a mídia russa, agora proibida em falar invasão ou agressão. Ele se refere ao “casus belli” arrumado por Putin para, nas suas palavras, desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia: o reconhecimento como países de duas áreas controladas por rebeldes pró-Rússia desde 2014 no Donbass (leste do país), que ato contínuo pediram ajuda militar a Moscou.

Ela veio, como os meses de preparação acabaram provando, na forma de uma invasão por diversos pontos da Ucrânia. Kiev está cercada por dois pontos, a noroeste e a nordeste, mas os russos não fizeram uma ação. (AFPEstadão Conteúdo)