Internacional
Ucrânia relata dois soldados mortos em bombardeio de separatistas

Os militares ucranianos disseram que dois soldados foram mortos e quatro feridos em bombardeios realizados ontem por separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia. Estas são as primeiras baixas para as forças ucranianas em mais de um mês de tensão. Oficiais militares ucranianos de alto escalão também foram forçados a buscar um abrigo antiaéreo após um ataque de bombardeio no leste. Os oficiais estavam visitando a zona de conflito, assim como um grupo de legisladores e jornalistas, que também buscaram abrigo.
Os militares ucranianos disseram em sua página no Facebook que registraram 70 violações do cessar-fogo por separatistas desde o início do dia, em comparação com 66 casos nas 24 horas anteriores. Separatistas abriram fogo em mais de 30 assentamentos ao longo da linha de frente usando artilharia pesada, o que foi proibido por acordos destinados a esfriar o conflito de longa data, disseram os militares.
Líderes separatistas acusaram a Ucrânia no site de mídia social Telegram de bombardear áreas controladas por eles e disseram que tinham de responder de acordo.
O serviço de segurança russo FSB relatou que dois projéteis caíram em território russo perto da fronteira, informou a agência de notícias russa Tass. Um atingiu um prédio na região de Rostov, mas ninguém ficou ferido, disse.
Os militares ucranianos acusaram a Rússia de falsificar fotos de projéteis para provar que eram ucranianos e disseram que mercenários chegaram ao leste da Ucrânia, controlado pelos separatistas, para fazer provocações em colaboração com os serviços especiais da Rússia.
Militares ucranianos disseram que os rebeldes usaram obuses de 82 e 120 milímetros proibidos em seus ataques a cidades da linha de frente nas regiões de Luhansk e Donetsk, no leste do país.
Em meio à crescente tensão, os líderes das regiões separatistas de Donetsk e Luhansk ordenaram a mobilização geral. A Rússia nega qualquer envolvimento no conflito com o leste da Ucrânia e descreve-o como um assunto interno desse país.
Outros países
O presidente da Ucrânia Volodmir Zelenski participou ontem da Conferência de Segurança em Munique, na Alemanha ao lado de outros líderes, como a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris; o chanceler alemão, Olaf Scholz; e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, com quem já esteve nas últimas semanas em Kiev. Em seu discurso, Zelenski exigiu novas garantias de segurança do Ocidente.
O presidente russo, Vladimir Putin, lançou ontem exercícios militares estratégicos envolvendo mísseis balísticos, informou o Kremlin.
A Organização para Segurança e Cooperação na Europa alertou para um “aumento drástico” de violações de cessar-fogo na Ucrânia. A Otan vê sinais de que Rússia prepara um “ataque total” à Ucrânia. “Todos os sinais indicam que a Rússia está planejando um ataque total à Ucrânia”, afirmou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, à televisão alemã ARD. “Todos concordamos que o risco de um ataque é muito alto”, acrescentou Stoltenberg, que participou da Conferência de Segurança de Munique.
A Otan informou que estava transferindo seu pessoal de Kiev para Lviv, no oeste da Ucrânia, ou para Bruxelas, onde está sediada, como medida de segurança. Vários países ocidentais já fizeram o mesmo, transferindo seus diplomatas de Kiev para Lviv, perto da fronteira polonesa.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse na sexta-feira que estava “convencido” de que a Rússia invadiria a Ucrânia.
A Ucrânia não é membro da Otan e a Aliança não possui tropas naquele país, mas desde o final da década de 1990 mantém dois escritórios na capital. (Estadão Conteúdo e AFP)