Internacional
Pela paz, Ucrânia pode desistir de integrar Otan

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, deu sinais de que pode desistir de aderir à Otan -- uma das principais exigências do Kremlin. “Talvez essa questão para nós seja apenas um sonho”, disse, pressionado pela presença cada vez maior das tropas russas na fronteira de seu país.
Falando ao lado do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, que esteve em Kiev, Zelenski reconheceu a situação difícil do país, que está cercado por tropas russas e conta com apoio militar limitado dos EUA, que rejeitaram a possibilidade de enviar soldados para repelir uma invasão. “Por quanto tempo a Ucrânia deve seguir nesse caminho? Quem vai nos apoiar?”, questionou.
As declarações do presidente repetem o que disse o embaixador ucraniano em Londres, Vadim Prystaiko, em entrevista à BBC, no domingo, quando ele também declarou que a Ucrânia poderia desistir da adesão para evitar um conflito. “Podemos desistir (da Otan), até mesmo porque estamos sendo pressionados e chantageados”, disse. “Estamos sendo flexíveis para encontrar a melhor maneira de sair disso.”
A entrada da Ucrânia na Otan -- uma aspiração inscrita na Constituição do país -- é considerada uma ameaça existencial pela Rússia, e o motivo principal da crise atual. Ontem, os sinais do governo ucraniano foram bem recebidos em Moscou. “Claramente, se a Ucrânia confirmar que rejeita a entrada na Otan, seria um passo que facilitaria uma resposta melhor aos anseios russos”, declarou Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin.
Urgência
O ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, anunciou ontem (14) que pediu um encontro com as autoridades russas e europeias, no âmbito da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (Osce), a ocorrer no prazo máximo de dois dias. O chanceler disse que Moscou tem ignorado os pedidos formais de esclarecimentos sobre as tropas russas na fronteira. A Rússia já deu indicações de que deverá ignorar mais esse pedido.
A Rússia continua a negar a existência de qualquer plano para invadir a Ucrânia, mas mantém mais de 100 mil soldados na fronteira com o país. Kiev exige esclarecimentos sobre os planos de Moscou.
O mais recente pedido de informação foi apresentado no contexto da Osce, a que a Rússia também pertence. Por meio desse mecanismo, os membros da organização podem solicitar informações sobre as atividades militares de outro país que pertença ao grupo. (Estadão Conteúdo e Agência Brasil)