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Papa pede que pais não condenem filhos por orientação sexual

O pontífice fez o comentário em audiência semanal no Vaticano, referindo-se às dificuldades dos pais na criação dos filhos

27 de Janeiro de 2022 às 09:26
Cruzeiro do Sul [email protected]
Papa Francisco no Vaticano
Papa Francisco no Vaticano (Crédito: REUTERS / Remo Casilli)

O Papa Francisco pediu nesta quarta-feira, 26, que os pais não condenem os filhos por causa de orientação sexual, mas sim ofereçam apoio a eles. O pontífice fez o comentário em audiência semanal no Vaticano, referindo-se às dificuldades dos pais na criação dos filhos.

"Essas questões incluíam pais que veem diferentes orientações sexuais em seus filhos e como lidar com isso, como acompanhar seus filhos e não se esconder atrás de uma atitude de condenação", afirmou Francisco, que, em outros momentos, já havia dito que os homossexuais têm o direito de serem aceitos por suas famílias como filhos e irmãos.

Também tem defendido que os casais homossexuais tenham proteções legais, mas no que diz respeito à esfera civil, não dentro da Igreja Católica. Embora não possa aceitar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a instituição pode apoiar leis de união civil destinadas a dar a eles direitos conjuntos nas áreas de pensões e saúde e questões de herança.

Acolhimento

Para Francisco Borba Ribeiro Neto, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP, o cenário sinaliza acolhimento, até diante da necessidade de se evitar preconceitos, mas ao mesmo tempo não indica mudança na doutrina da Igreja. "O cristão tem o dever de amar todas as pessoas e denunciar todo ato que não leva à realização humana de cada um", diz.

No caso da homossexualidade, ressalta Borba, "uma série de preconceitos sociais, que não têm nada de cristãos, confundiram essa fórmula simples". "O que deveria ser uma denúncia de comportamentos que não realizavam plenamente o ser humano se tornou atos discriminatórios e de desamor para com pessoas concretas, que normalmente precisavam até mais do apoio dos cristãos que as demais. Francisco está empenhado em corrigir essa compreensão equivocada da prática dos valores cristãos", afirma.

"As normas vindas de diferentes instâncias da Igreja Católica podem parecer confusas, mas o espírito geral é sempre o mesmo: deve-se fazer o máximo para acolher o homossexual, mas deixar claro que não se considera o ato homossexual construtor da realização plena da pessoa", conclui o sociólogo.

Em 15 de março de 2021, o Vaticano decidiu que a Igreja Católica não pode abençoar a união entre pessoas do mesmo sexo porque Deus "não pode abençoar o pecado". No entanto, segundo o decreto, homossexuais podem ser aceitos e podem receber bênçãos na Igreja Católica. (Estadão Conteúdo)