Buscar no Cruzeiro

Buscar

Covid-19

Filosofia pode explicar a baixa vacinação

24 de Novembro de 2021 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Criança prepara-se para o teste PCR numa escola de Dortmund.
Criança prepara-se para o teste PCR numa escola de Dortmund. (Crédito: INA FASSBENDER / AFP)

A antroposofia poderia explicar a baixa taxa de vacinação contra a Covid-19 na Alemanha, Suíça e Áustria? Nascida há mais de um século, essa corrente filosófico-esotérica, por trás da rede de escolas Steiner-Waldorf, costuma abraçar teorias antivacinas.

Os dois países de língua alemã e as regiões de língua alemã na Suíça estão enfrentando uma nova onda de infecções por Covid-19 com taxas de vacinação mais baixas do que a média dos países da Europa Ocidental.

Para alguns especialistas, uma das explicações para esse fenômeno pode ser a forte presença da corrente antroposófica nesses países.

A antroposofia foi fundada no início do século 20 pelo austríaco Rudolf Steiner e teve seu auge na década de 1960, quando mesclou crenças cristãs e hindus, combinando o “carma” com o “cosmos” e a New Age. Essa corrente acredita que as doenças são um desafio necessário e devem ser superadas naturalmente.

“Tudo no mundo é bom e tem um significado”, incluindo as doenças, disse à AFP Ansgar Martins, professor de filosofia das religiões na Universidade Goethe de Frankfurt, o que explicaria uma certa relutância à vacinação.

“Supõe-se que seja útil passar por elas, principalmente as chamadas ‘doenças infantis’, como o sarampo”, acrescentou Martins. As escolas Steiner-Waldorf, que têm cerca de mil estabelecimentos no mundo, incluindo 200 na Alemanha, têm “muitas vezes sido o ponto de partida de epidemias de sarampo”, enfatiza o professor.

“Muitos seguidores da antroposofia ainda acreditam na lei do carma, segundo a qual as doenças tornam possível expiar os males de vidas passadas e promover o desenvolvimento espiritual”, disse à AFP Michael Blume, especialista religioso e comissário da luta antissemita na região alemã de Baden-Württemberg. (AFP)