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Áustria inicia confinamento; revolta aumenta contra restrições

Em Viena, cerca de 40.000 pessoas marcharam pelas ruas da cidade no sábado (20) para protestar contra as medidas destinadas aos não vacinados

23 de Novembro de 2021 às 09:40
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Protesto pelas ruas de Viena aconteceu neste sábado (20)
Protesto pelas ruas de Viena aconteceu neste sábado (20) (Crédito: Joe Klamar / AFP)

"Vacinado, curado ou morto" no fim do inverno: o medo avança na Alemanha com o aumento de casos de covid-19, enquanto a vizinha Áustria iniciou nesta segunda-feira (22) um novo confinamento, medida inédita na Europa desde o início da campanha de vacinação.

Mas o retorno das restrições contra a covid-19 provocou atos de violência no fim de semana em vários países da Europa, novamente o epicentro da epidemia, em especial na Holanda, cujo primeiro-ministro denunciou atos de "pura violência" cometidos por "idiotas".

Com uma frase impactante, o ministro da Saúde da Alemanha, Jens Spahn, pediu que as pessoas tomem a vacina de maneira "urgente" e advertiu que "provavelmente no final do inverno, como às vezes se diz com cinismo, quase todos estarão vacinados, curados ou mortos" devido à propagação da variante delta "muito, muito perigosa".

O número de novas contaminações diárias na Alemanha supera o recorde de 65.000 casos e a chanceler Angela Merkel advertiu para uma "situação dramática". Ela afirmou que as restrições atuais "não são mais suficientes", apenas quatro dias depois de ter decidido com seu provável sucessor, Olaf Scholz, severas medidas coercitivas para os não vacinados.

Na Alemanha, assim como na Áustria, a taxa de vacinação é inferior a 70%, um nível muito menor que em outros países europeus. O aumento de casos na Europa levou o Departamento de Estado americano a desaconselhar as viagens de seus cidadãos à Alemanha e à Dinamarca, situando os dois países no nível máximo de risco, no qual já estavam Áustria, Holanda e Bélgica.

- Áustria confinada -

Os austríacos, apesar do descontentamento demonstrado no fim de semana nas ruas, devem respeitar um confinamento a partir desta segunda-feira.

Lojas, restaurantes, mercados de Natal, salas de espetáculo e salões de beleza fecharam as portas em Viena. Mas as escolas permanecem abertas e as ruas da capital estavam movimentadas. "A situação é um pouco confusa", afirmou Kathrin Pauser, moradora de Viena, depois de deixar na escola as filhas de 11 e 9 anos, ambas recentemente vacinadas. 

Desde a chegada das vacinas contra a covid-19 e das campanhas de imunização, nenhum país da União Europeia (UE) havia ousado impor um novo confinamento.

Como em confinamentos anteriores, os 8,9 milhões de austríacos teoricamente estão proibidos de sair de casa, exceto para fazer compras, praticar esportes ou receber atendimento médico. Também podem comparecer ao local de trabalho e levar as crianças para a escola, mas as autoridades pediram à população para permanecer em casa e optar, na medida do possível, pelo teletrabalho.

A situação era impensável na Áustria há algumas semanas. O ex-chanceler conservador Sebastian Kurz havia declarado "encerrada" a pandemia, ao menos para os vacinados. Seu sucessor desde outubro, Alexander Schallenberg, "manteve por muito tempo ficção de que tudo estava bem", declarou à AFP o cientista político Thomas Hofer.

Com o aumento de casos, que atingiu níveis inéditos desde o início da pandemia, ele optou finalmente por medidas radicais, como este confinamento previsto para durar até 13 de dezembro e a vacinação obrigatória para a população adulta a partir de 1º de fevereiro de 2022, algo que poucos países adotaram

Confinamento rigoroso

Em outras partes da Europa também foram adotadas restrições. Na Eslováquia, onde a taxa de contaminação é alta, foram anunciadas nesta segunda-feira medidas contra pessoas não vacinadas. "Recorremos a um confinamento rigoroso dos não vacinados, porque temos que protegê-los", declarou o primeiro-ministro Eduard Heger.

Pessoas não vacinadas estão proibidas de entrar em lojas do comércio dito não essencial, mesmo se puderem apresentar um teste negativo para coronavírus.

Na França, o primeiro-ministro Jean Castex deu positivo para covid-19 nesta segunda-feira, o que obrigou o homólogo belga, Alexander De Croo, a se colocar em isolamento, visto que os dois líderes se reuniram durante o dia.

Outros quatro membros do governo bela, que participaram da reunião com a delegação francesa, terão que fazer testes de PCR e permanecer isolados à espera dos resultados.

Vários países da Europa foram palco de protestos contra as restrições anticovid. Em Viena, cerca de 40.000 pessoas marcharam no sábado pelas ruas da cidade gritando "ditadura", convocados pelo partido de extrema direita FPO.

A Holanda viveu no domingo sua terceira noite de protestos. No mesmo dia, em Bruxelas, foram registrados confrontos, quando 35.000 pessoas se reuniram para protestar contra as medidas destinadas aos não vacinados.

Também aconteceram mobilizações contra a vacinação na Austrália, enquanto nas Antilhas francesas foram registrados protestos violentos contra a exigência do passaporte sanitário e a vacinação obrigatória dos profissionais da saúde.

O departamento francês de Guadalupe, no Caribe, recebeu no domingo reforços policiais da França metropolitana para enfrentar as manifestações violentas, saques, incêndios e bloqueios de estradas. (AFP)