Buscar no Cruzeiro

Buscar

Internacional

Mais de 60 países pedem que população possa deixar Afeganistão

Ao longo do domingo e da manhã desta segunda-feira (16), um tumulto no aeroporto de Cabul deixou mortos e feridos

16 de Agosto de 2021 às 08:36
Estadão Conteúdo [email protected]
Um porta-voz informou que todas as autoridades de alto nível foram retiradas com segurança do local do ataque. Crédito da foto: STR / AFP
Um porta-voz informou que todas as autoridades de alto nível foram retiradas com segurança do local do ataque. Crédito da foto: STR / AFP (Crédito: Um porta-voz informou que todas as autoridades de alto nível foram retiradas com segurança do local do ataque. Crédito da foto: STR / AFP)

Após o Taleban reassumir o controle do Afeganistão, os Estados Unidos e mais 60 países emitiram um comunicado conjunto no domingo (15), pedindo que cidadãos afegãos e estrangeiros tenham permissão para deixar o país se assim desejarem. Ao longo do domingo e da manhã desta segunda-feira (16), um tumulto no aeroporto de Cabul deixou mortos e feridos.

As pessoas estão tentando deixar o país após o Taleban tomar a capital Cabul e voltar ao poder depois de 20 anos. O presidente do país fugiu do Afeganistão e o palácio presidencial foi tomado no domingo.

"Devido à deterioração da situação de segurança, nós apoiamos, estamos trabalhando para garantir e pedimos que todas as partes respeitem e facilitem a saída segura e ordenada de estrangeiros e afegãos que desejam deixar o país", diz o texto divulgado pelo Departamento de Estado norte-americano.

O Brasil não está entre as nações signatárias do documento. A lista inclui, entre outros países, França, Alemanha, Reino Unido, Portugal, Canadá, Japão, Coreia do Sul e Catar. Entre os governos sul-americanos, Chile, Colômbia, Paraguai e Guiana assinam o texto.

O comunicado pede que estradas, aeroportos e postos de fronteiras permaneçam abertos. "O povo afegão merece viver com segurança, proteção e dignidade. Nós, da comunidade internacional, estamos prontos para ajudá-los", conclui.

Nesta segunda-feira, um dos porta-vozes do Taleban disse à Reuters que ainda é cedo para afirmar como o grupo vai governar o Afeganistão. "Nós queremos que todas as forças estrangeiras deixem o país antes de começarmos a reestruturar a governança."

Tumulto no aeroporto

Um tumulto no aeroporto de Cabul deixou mortos nesta segunda-feira, quando uma multidão tentava embarcar em aviões para deixar o Afeganistão, agora dominado pelo Taleban. O número de mortos não foi confirmado.

O jornal americano The Wall Street Journal fala em três mortos por armas de fogo.

A agência de notícias Reuters cita relatos de testemunhas de que cinco pessoas foram mortas, sem dizer se as vítimas foram atingidas por disparos de armas de fogo ou pisoteadas durante a confusão.

Os voos comerciais foram cancelados, e apenas viagens militares ocorrem no local. "Por favor, não venha para o aeroporto", disse uma autoridade do aeroporto.

Durante o tumulto, tropas dos EUA, que estavam no aeroporto para ajudar os cidadãos americanos a embarcarem, atiraram para o alto. "A multidão estava fora de controle", afirmou um oficial à Reuters. "O disparo foi feito apenas para neutralizar o caos."

Entre domingo e segunda, voos comerciais foram suspensos e grandes companhias aéreas, entre elas a Emirates e a United Airlines, anunciaram que, por enquanto, vão evitar o espaço aéreo afegão.

'Situação pacífica' e diálogo com a Rússia

Autoridades do Taleban disseram nesta segunda que não receberam relatos de confrontos em todo o país desde que tomaram Cabul. "A situação é pacífica, de acordo com nossas informações", disse um dos principais membros do grupo extremista.

O encarregado russo para o Afeganistão, Zamir Kabulov, afirmou nesta segunda que o embaixador de seu país em Cabul se reunirá na terça-feira, 17, com os taleban e que a Rússia decidirá se reconhece ou não o governo do Taleban de acordo com suas "ações".

"Nosso embaixador está em contato com líderes taleban e amanhã se reunirá com o coordenador do Taleban", disse Kabulov à rádio Ekho Moskvy. "O reconhecimento ou não dependerá das ações do novo regime."