Mudança
Sob pressão inflacionária, EUA cortam tarifas do Brasil
Indústria e setor de pescados continuam com sobretaxa de importação de 50%
O governo dos Estados Unidos anunciou na quinta-feira (20) que eliminou tarifas impostas a vários produtos agrícolas provenientes do Brasil, entre eles a carne bovina, o café e os tomates, uma decisão que foi aplaudida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Essa mudança acontece no momento em que o presidente Donald Trump está sob pressão para reduzir o custo de vida dos americanos. A ordem de Trump amplia sua medida da semana passada para reduzir as tarifas “recíprocas” — impostas para abordar práticas comerciais que considera desleais — a diversas importações agrícolas.
A retirada do tarifaço de 40% pelos Estados Unidos sobre produtos agrícolas brasileiros alcançou mais 249 itens agropecuários exportados. Na prática, a decisão retira a sobretaxa de itens importantes para o setor exportador do País, como o café e a carne bovina, entre outros produtos, como frutas (abacaxi, açaí, banana e laranja). Indústria e setor de pescados ficaram de fora.
A medida anunciada na quinta é retroativa, o que significa que estarão isentas todas as mercadorias retiradas de armazéns para consumo desde 13 de novembro. Há uma semana, Trump havia retirado a taxa recíproca de 10% sobre produtos agrícolas.
Até então, o agronegócio brasileiro era um dos setores mais prejudicados pelo tarifaço americano, já que 80% dos produtos do setor ficaram de fora da primeira lista de exceções, de 31 de julho, decretada pelo governo americano. Café e carnes tiveram redução expressiva nos embarques aos EUA a partir de agosto. O setor produtivo brasileiro vinha pedindo ao governo americano a exclusão da tarifa sobre alimentos.
A Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics) disse, em comunicado ontem (21) lamentar que o café solúvel brasileiro tenha sido mantido na lista de produtos sujeitos à taxa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos em agosto deste ano. “Celebramos a reversão das tarifas; as taxas sobre o café solúvel contrastam com o progresso geral nas negociações bilaterais e representam um desafio contínuo para o setor”, disse a Abics, em nota.
A associação destacou que celebra a reversão das tarifas para outras categorias agrícolas, mas a manutenção da tarifa sobre o café solúvel segue afetando o setor de forma “severa”.
Indústria e pescados
A indústria e o setor de pescados, no entanto, seguem sob alta tarifa. Aço, alumínio e móveis continuam com 50% de taxação. A Abipesca (Associação Brasileira das Indústrias de Pescados) considerou que o governo brasileiro não priorizou o setor em negociações e teme perda de competitividade para os concorrentes que conseguiram acessar o mercado americano sem sobretaxas. (Da Redação, com informações de Estadão Conteúdo e AFP)