Atratividade
Renda fixa segue favorita com taxa de juros a 15%
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou na quarta-feira (17) a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano, em decisão unânime. Especialistas dizem que permanece a atratividade da renda fixa. No entanto, com o corte anunciado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e a perspectiva de que, em breve, o Copom também deve iniciar o ciclo de queda, a conversa sobre aumentar ou não a tomada de risco ganha força — e não há consenso.
“Ainda é o momento de ‘sentar’ em cima do pós-fixado”, avalia Tiago Ranalli, sócio da CX3 Investimentos. Ele observa que o juro real está muito alto. Historicamente, a diferença entre juro e inflação é de 3,5% ou 4%. Hoje, é de 10%. Ainda que o Boletim Focus olhe a Selic em 12,38% e a inflação em 4,3% ao final de 2026, Ranalli destaca que o juro real fica a 8% ao ano. “Se também levarmos em consideração que ano que vem tem eleição, sempre com algum estresse, dá para continuar tranquilo no pós-fixado. Vamos com calma.”
Segundo o sócio da CX3, quem tiver interesse em buscar retornos um pouco mais altos pode recorrer a títulos de crédito de grandes bancos.
Norberto Alves, gestor de renda fixa ativa da Reach Capital, prefere esperar o corte da Selic antes de alocar em vista disso. Ele acrescenta que o primeiro corte da Selic não deve vir em 2025, ainda que exista um “risco” de ser antecipado a depender de uma descontinuidade dos dados de atividade — que vêm desacelerando em linha com o esperado.
Já para Rafael Espinoso, estrategista de investimentos da Tivio Capital, o combo de dólar mais fraco, afrouxamento monetário do Fed e perspectiva de cortes da Selic indica que esse é o momento de tomar mais risco na renda fixa local.
A expectativa é que a queda de juros nos Estados Unidos mande fluxo para mercados emergentes, como o brasileiro e o eventual corte da Selic também apoie ativos de risco. Ranalli, da CX3, acredita que a Bolsa vai “deslanchar” em algum momento, mas alerta que o investidor deve considerar a alocação para o longo prazo. “Vai subir, mas vai ser turbulento. Há muito a ser discutido, seja em questão fiscal ou eleições.” (Estadão Conteúdo)