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Escassez

Instituto de patentes sofre com falta de pessoal

EUA citam atraso dos prazos na abertura de investigação contra o Brasil

20 de Setembro de 2025 às 19:54
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Classificados em concurso não foram chamados para cargos
Classificados em concurso não foram chamados para cargos (Crédito: FERNANDO FRAZÃO / ARQUIVO AGÊNCIA BRASIL )

Autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) enfrenta escassez de pessoal. Esse é o órgão responsável pela concessão de patentes, cuja demora nos prazos foi um dos itens citados pelo Escritório Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) na abertura de investigação contra o Brasil. Essa letargia impacta as empresas norte-americanas, principalmente as do campo farmacêutico, segundo fontes ouvidas pela reportagem.

O último concurso para o Inpi foi autorizado em 2023 e realizado em fevereiro de 2024, no âmbito da retomada dos concursos feita pelo governo Lula (PT). O resultado do certame foi homologado em meados do ano passado para as 120 vagas.

Os cargos disputados foram de analista, pesquisador e tecnologista em propriedade industrial. Há um contingente elevado de cadastro reserva que está aguardando nomeação — essa é uma lista de espera de candidatos aprovados e classificados que não foram convocados imediatamente por não se enquadrar nos postos imediatos oferecidos no edital do concurso.

Há cerca de seis meses, o Inpi solicitou ao governo autorização para o chamamento do excedente. Os candidatos aprovados ainda não tiveram uma posição do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), pasta responsável pelas autorizações. Questionado sobre o assunto, o MGI destacou que os candidatos classificados fora do número de vagas, considerados como excedentes, têm apenas expectativa quanto ao direito à nomeação, sendo que a nomeação de candidatos nessa condição, ou seja, fora das vagas ofertadas pelo edital, consiste em ato discricionário, juízo de conveniência e oportunidade pela administração pública federal. “A decisão poderá ser tomada ao longo da validade do concurso em referência”, completou.

O Inpi tem impacto direto na atividade econômica do País. As empresas cobram celeridade na concessão de patentes e do registro de marcas.

O instituto já sinalizou a necessidade de mais profissionais, além do número de vagas imediatas do edital, e possui um montante expressivo de cargos vagos, apesar de não especificado. O Inpi informou que aguarda decisão do MGI sobre a convocação dos aprovados no cadastro de reserva do último concurso e sobre a realização de novo processo seletivo.

Quanto ao exame de patentes, o Inpi sustentou que vem adotando uma série de medidas para agilizar o procedimento, incluindo a revisão e a automação de processos internos e o uso de inteligência artificial. “Nesse sentido, o instituto vem obtendo resultados expressivos, tanto que o prazo médio para decisão de um pedido de patente, contado a partir do pedido de exame, caiu de 7,9 anos em 2015 para 2,9 anos em 2025.”

A redução do prazo estimada pelo instituto está em linha com a expectativa do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento e da Indústria, Geraldo Alckmin. “Nós reduzimos para seis, para cinco, para quatro. No final do ano deve chegar a três. E o ano que vem (2026), (o prazo será de) dois anos, que é o padrão internacional”, disse ele, em julho.

O Inpi ainda disse que recentes mudanças no processo de cadastro dos usuários, implementadas em agosto deste ano, são aprimoramentos que fazem parte das ações para melhoria contínua dos serviços do instituto e da experiência dos usuários, integrando o Plano Estratégico 2023-2026. (Estadão Conteúdo)