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Comércio

Trump abala o comércio mundial com tarifas

Novas regras aduaneiras impostas pelos Estados Unidos mudam drasticamente o comércio internacional

02 de Agosto de 2025 às 22:20
Cruzeiro do Sul [email protected]
Países parceiros dos EUA terão sobretaxas com porcentagens variadas
Países parceiros dos EUA terão sobretaxas com porcentagens variadas (Crédito: ROBYN BECK)

O presidente americano Donald Trump assinou na quinta-feira (31) um decreto que impõe tarifas mais altas a dezenas de países, uma decisão que abala o comércio mundial. As novas tarifas aduaneiras de Trump não entraram em vigor na sexta-feira (1º), como previsto inicialmente, e devem ser aplicadas no dia 7 de agosto.

Um funcionário de alto escalão americano afirmou a jornalistas que o adiamento tem como objetivo dar tempo às aduanas para se preparar. “Reestruturação do comércio mundial em benefício dos trabalhadores americanos”, escreveu a Casa Branca com destaque em um dos documentos em que anunciou as novas taxas.

O objetivo é “abordar ainda mais o déficit comercial anual crescente de bens dos Estados Unidos” e “proteger o país das ameaças estrangeiras à segurança nacional e à economia”, acrescentou o texto.

As novas tarifas chegam a 41% no caso da Síria, seguida pela Suíça com 39%. A Argélia terá 30%, Bangladesh 20%, Laos 40%, e Índia 25%.

O Canadá também recebeu um golpe, com taxas passando de 25% para 35%, exceto para produtos

protegidos pelo T-mec (tratado entre México, Estados Unidos e Canadá).

“O Canadá não cooperou para conter o fluxo contínuo de fentanil e outras drogas ilícitas, e tomou medidas de represália contra os Estados Unidos”, criticou a Casa Branca. “Os cartéis mexicanos operam cada vez mais laboratórios de síntese de fentanil e nitazeno no Canadá”, acrescentou, sobre dois opioides sintéticos que preocupam os Estados Unidos.

No entanto, o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, disse ontem que seu governo está “desapontado” com a decisão e citou os esforços do governo contra essas drogas e pela segurança fronteiriça.

União Europeia (UE), Japão e Coreia do Sul, alguns dos poucos parceiros que conseguiram renegociar as tarifas, estarão sujeitos a 15%, assim como a maior parte dos países. Reino Unido, Vietnã, Indonésia e Filipinas fecharam acordos preliminares.

Brasil

O governo norte-americano aumentou de 10% a 15% os encargos para Costa Rica, Bolívia e Equador, e manteve os previstos em abril para Venezuela (15%) e Nicarágua (18%).

O Brasil aparece com 10%, mas apenas até 6 de agosto. A Casa Branca anunciou na quarta-feira (30) que, sobre essa taxa mínima universal, vai acrescentar 40 pontos percentuais, o que equivale a 50%, à maioria dos produtos brasileiros importados devido, principalmente, ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado.

Trump mostrou-se tolerante com o México, após ter conversado por telefone com a colega Claudia Sheinbaum. “Concordamos em prorrogar por 90 dias exatamente o acordo” atual, com o objetivo de assinar um tratado “dentro deste prazo ou até mais”, explicou o presidente americano.

O México, portanto, continuará pagando a tarifa de 25% que lhe foi imposta para incentivá-lo a combater o tráfico de fentanil, 25% nos automóveis e 50% no aço e alumínio. Os produtos incluídos no T-mec, do qual fazem parte México, Estados Unidos e Canadá, estavam protegidos dos encargos, ou seja, a sua imensa maioria.

Foi alcançado “o melhor acordo possível” se comparado com outras nações, destacou Claudia em coletiva de imprensa. Seu país, que estava exposto a tarifas adicionais de 30%, “concordou em eliminar imediatamente suas numerosas barreiras comerciais não tarifárias, que eram muitas”, acrescentou Trump.

Regras

“Não há dúvida: o decreto e os acordos” concluídos nos últimos meses “destroem o livro de regras comerciais que governou o comércio internacional desde a Segunda Guerra Mundial”, opina Wendy Cutler, vice-presidente sênior do Asia Society Policy Institute.

A China ficou excluída do drama porque sua trégua não expirava ontem, mas sim em 12 de agosto, quando as tarifas podem retornar para níveis mais altos.

No entanto, Pequim alertou ontem que o protecionismo americano “prejudica os interesses de todas as partes”. (AFP)