Medidas de Trump
Brasil sinaliza à OMC preocupação com tarifas
Embaixador argumentou que medidas unilaterais ameaçam a economia mundial
O representante do governo brasileiro no Conselho Geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), embaixador Philip Fox-Drummond Gough, expressou “profunda preocupação” com o uso de medidas comerciais unilaterais como instrumento de interferência nos assuntos internos de outros países.
No encontro, realizado em Genebra, foi debatido o tema “Respeito ao sistema multilateral de comércio baseado em regras”, ponto incluído na agenda por iniciativa do Brasil.
Sem citar especificamente os Estados Unidos e o presidente Donald Trump, o secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty condenou as “tarifas arbitrárias, anunciadas e implementadas de forma caótica” e que, segundo ele, violam os princípios fundamentais da OMC e ameaçam a economia mundial.
Gough propôs ainda a atuação conjunta de outros países nessa questão. “As maiores economias, que mais se beneficiaram do sistema comercial, devem dar o exemplo e tomar medidas firmes contra a proliferação de medidas comerciais unilaterais”, argumentou.
A tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, anunciada por Donald Trump, estão previstas para entrar em vigor no dia 1º de agosto. Há preocupação de empresários brasileiros e norte-americanos sobre o impacto que essa sobretaxa podem causar.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que não “haverá recuo” na decisão dos Estados Unidos em taxar todos os produtos brasileiros em 50%. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que a única forma de haver uma mesa de negociação é se o Brasil der “um primeiro passo naqueles pontos da carta do Trump”. Na carta, Trump criticou o “tratamento” contra Bolsonaro, réu por tentativa de golpe no Supremo Tribunal Federal (STF).
Japão
Trump anunciou na terça-feira (21) ter fechado acordo comercial com o Japão. A divulgação ocorreu em post em sua rede, a Truth Social. Conforme o anúncio, o país asiático pagará alíquota tarifária de 15%, ante os 25% impostos no começo de julho, e investirá US$ 550 bilhões nos EUA.
Segundo Trump, o acordo criará centenas de milhares de empregos e o Japão abrirá o país para o comércio, incluindo “carros e caminhões, arroz e alguns outros produtos agrícolas”.
Também na terça, Trump anunciou ter fechado acordo com a Indonésia, que prevê a eliminação de 99% das barreiras tarifárias do país asiático para produtos americanos, enquanto os EUA aplicarão tarifa de 19% sobre produtos indonésios.
Os EUA e a União Europeia (UE) estariam perto de fechar um acordo comercial que prevê tarifas de 15% sobre as importações europeias. A informação foi divulgada ontem (23) pelo jornal Financial Times.
O acordo, segundo a publicação, seria semelhante ao fechado pelos Estados Unidos com o Japão. A UE poderia concordar com os chamados impostos recíprocos para evitar a ameaça do presidente dos EUA, de aumentá-los para 30% a partir de 1º de agosto.
Tanto os EUA quando a UE isentariam tarifas sobre alguns produtos, incluindo aeronaves, bebidas alcoólicas e dispositivos médicos, segundo fontes que acompanharam as negociações disseram ao Financial Times. (Estadão Conteúdo)