Conflito no Oriente Médio
EUA querem que países escolham ’lado’ sobre Irã
Governo do Catar considerou ataque iraniano à base americana em seu território como "violação flagrante"
Os países da América Latina e do Caribe devem escolher “de que lado vão estar” em um conflito envolvendo o Irã, afirmou ontem (23) o Departamento de Estado americano na véspera da assembleia-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Antígua e Barbuda acolhem a partir de hoje (24) a 55ª assembleia-geral da OEA, após os Estados Unidos bombardearam usinas nucleares iranianas em apoio a uma ofensiva militar israelense.
Venezuela, Cuba e Nicarágua, aos quais o chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, considera “inimigos da humanidade”, se solidarizaram com o Irã. Outros países, como o Brasil ou a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba), da qual fazem parte, entre outros, Bolívia e Antígua e Barbuda, também condenaram os ataques.
O Uruguai expressou sua preocupação pela ofensiva e a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, citou o falecido papa Francisco para dizer que “a guerra é o maior fracasso da humanidade”. A Argentina, em contrapartida, apoiou o governo norte-americano.
Catar
Ontem, o governo do Catar classificou o ataque de mísseis iranianos contra uma base dos Estados Unidos em seu território como uma “violação flagrante” de sua soberania e disse que “se reserva o direito” de responder. A Arábia Saudita condenou o ataque, que considerou “injustificável”.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificou de “muito fraco” o ataque de represália do Irã contra a maior base americana no Oriente Médio, mas agradeceu ao país persa por ter avisado com antecedência. Também expressou que espera que Irã e Israel avancem “rumo à paz”, depois dos ataques americanos contra instalações nucleares iranianas e a resposta de Teerã.
“Com sorte, não haverá mais ódio”, declarou Trump em sua plataforma Truth Social. “Talvez o Irã possa agora avançar rumo à paz e à harmonia na região, e incentivarei com entusiasmo Israel a fazer o mesmo”, escreveu.
O vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia e ex-presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, negou qualquer intenção de Moscou de fornecer armas nucleares a Teerã. “Ao contrário de Israel, somos signatários do Tratado de Não Proliferação Nuclear”, escreveu no X, após Trump sugerir que os russos poderiam fornecer armamento aos iranianos.
Arábia Saudita, Jordânia, Bahrein e Emirados Árabes Unidos divulgaram comunicados condenando o ataque do Irã à base dos Estados Unidos no Catar. As declarações repudiaram a ofensiva e expressaram solidariedade ao Catar. Autoridades cataris e norte-americanas informaram que não houve registro de mortes no ataque. (AFP e Estadão Conteúdo)