Diplomacia
Rússia e China acusam EUA de minar estabilidade global
Países divulgaram declaração em conjunto alertando para risco nuclear

Rússia e China enfatizaram o crescente risco de uma guerra nuclear devido às políticas militares de “certos países”. Em declaração conjunta, os dois países também acusaram os Estados Unidos de minar a estabilidade estratégica global ao expandir alianças militares e implantar sistemas de armas em regiões sensíveis, o que poderia agravar tensões com outras potências nucleares.
No texto, os países apelaram a todos os Estados para adotarem um princípio de segurança “igual e indivisível”, com o objetivo de evitar conflitos e construir uma segurança global sustentável. As partes condenaram as ações de potências nucleares que continuam a expandir suas capacidades militares, incluindo a instalação de mísseis terrestres de médio e curto alcance e o desenvolvimento de sistemas de interceptação antimísseis, o que eleva os riscos de uma escalada nuclear.
A declaração expressa profunda preocupação com a “mentalidade da guerra fria” que, segundo Rússia e China, ainda persiste em algumas potências nucleares, especialmente os EUA. “Os Estados dotados de armas nucleares e com responsabilidade especial pela segurança internacional e pela estabilidade estratégica global devem abandonar essa mentalidade”, afirmaram, pedindo que as divergências sejam resolvidas por meio de diálogo e consultas respeitosas.
Além disso, os dois países expressaram receio com o aumento das “missões nucleares conjuntas” entre os EUA e seus aliados, o que, segundo eles, pode acirrar a corrida armamentista e aumentar as tensões globais.
Em relação ao controle de armas, os dois países reiteraram seu compromisso com a Declaração Conjunta dos cinco Estados nucleares de 2022, que visa evitar a guerra nuclear. Eles destacaram a importância do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) e reafirmaram seu apoio a uma cooperação multilateral genuína para promover a segurança internacional.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que os fortes laços entre seu país e a China são “mutuamente benéficos” e não tentam colidir com terceiros países, ao receber ontem (8) no Kremlin o presidente chinês Xi Jinping.
“Estamos desenvolvendo nossos laços no interesse dos povos dos dois países e não contra ninguém”, afirmou Putin. Xi afirmou, por sua vez, que a China apoiará a Rússia. “Diante do unilateralismo e da intimidação hegemônica, a China trabalhará com a Rússia para assumir as responsabilidades especiais das grandes potências mundiais”, declarou Xi a Putin. (Estadão Conteúdo e AFP)