Em ritmo lento
Queda no preço do ferro afeta mineradoras
O recuo dos preços do minério de ferro no mercado internacional nos últimos meses, pressionados pelo arrefecimento da economia chinesa — maior consumidor mundial da matéria-prima do aço —, está afetando o valor das ações das maiores mineradoras globais da commodity industrial. As quatro gigantes que atuam na mineração de ferro, e outros metais, são, por ordem de valor de mercado, as australianas BHP e Rio Tinto, a brasileira Vale e a também australiana Fortescue.
De acordo com dados da consultoria Argos, o minério de ferro para entrega em Qingdao (principal porto da região norte da China) caiu para US$ 92,2 a tonelada, a mais baixa cotação desde novembro de 2022 e abaixo do valor de referência dado pelo mercado, de US$ 100 a tonelada. Aponta-se que US$ 100 é o valor de referência, indicando que abaixo desse piso a produção de alto custo começa a se tornar não lucrativa, segundo reportagem do jornal inglês Financial Times.
A China importa quase 1,2 bilhão de toneladas de minério por ano para complementar a produção própria e poder alimentar os altos-fornos de seu gigantesco parque fabril siderúrgico.
Um fator que sustentava a alta dos preços até pouco tempo atrás era o setor imobiliário do país. A crise na indústria da construção de imóveis, principalmente residenciais, levou à retração da demanda por aço na China.
Dentro desse cenário, as usinas de aço chinesas buscaram o mercado externo, ampliando seu nível de exportações desde o início do ano passado.
Em 2023, os embarques ao exterior atingiram cerca de 90 milhões de toneladas. Em 2024, até julho, já foram exportadas 61,2 milhões de toneladas, o que projeta mais de 100 milhões de toneladas ao final de 12 meses, informa a S&P Global Commodity Insights.
A queda dos preços da principal matéria-prima do aço, aponta a reportagem do FT, com uma baixa de mais de um terço desde o início de 2024, está cortando, em valores acumulados, cerca de US$ 100 bilhões em capitalização de mercado de BHP, Rio Tinto, Vale e Fortescue.
Para especialistas, como José Carlos Martins, da Neellix Consulting Mining & Metals e conselheiro do grupo Cedro Participações, o minério de ferro no patamar de US$ 100 a tonelada ainda gera rentabilidade para as companhias de baixo custo. (Estadão Conteúdo)