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Toma lá da cá

Para compensar a desoneração, governo quer aumento de imposto

Líder de Lula no Senado anunciou a inclusão da proposta

15 de Agosto de 2024 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Votação do projeto no Senado prevista para ontem foi adiada para a terça-feira (20)
Votação do projeto no Senado prevista para ontem foi adiada para a terça-feira (20) (Crédito: DIVULGAÇÃO / SENADO FEDERAL)

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que vai incluir no relatório do projeto de lei da desoneração da folha de pagamentos dos setores e dos municípios a proposta de elevação da tributação dos Juros sobre Capital Próprio (JCP) de 15% para 20% como forma de compensar parte da renúncia fiscal. Como a implementação da medida exige um período de noventena — 90 dias para entrar em vigor —, ela seria votada como “dispositivo de garantia”, já que o governo decidiu manter fora do texto um aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

De acordo com Wagner, a sugestão do JCP foi feita pela equipe econômica. Ele reconheceu que a medida, no entanto, deve gerar insatisfação entre os senadores. ‘Não adianta pedir para a Fazenda ser voluntariosa. Nunca é. É sempre conservadora. Qualquer Fazenda de qualquer lugar, Estado, município. Vai ter reclamação e vamos ver como anda‘, afirmou o relator da matéria.

O líder confirmou ainda que a prorrogação da desoneração este ano terá um impacto em torno R$ 25 bilhões aos cofres da União, conforme cálculos feitos pela Receita Federal, e não de R$ 17 bilhões como havia sido levantado anteriormente pelos senadores. No ano que vem, a perda será menor, já que o projeto de lei vai prever uma “reoneração gradual” aos setores e municípios.

Wagner voltou a repetir que o texto trará outras medidas compensatórias, como a previsão em torno de R$ 10 bilhões de economia advinda do pente-fino de programas sociais e do INSS, Refis de multas de agências reguladoras, repatriação de recursos mantidos no exterior, atualização de ativos no Imposto de Renda, uso de depósitos judiciais esquecidos e taxação de importações abaixo de US$ 50.

O senador reiterou ainda que essas medidas resolvem especificamente o buraco fiscal nas contas de 2024, já que muitas dessas propostas são limitadas e não trarão efeitos nos exercícios seguintes. Em relação ao rombo no Orçamento gerado pela desoneração no ano que vem, o assunto deverá ser discutido no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), disse, que deve ser enviado ao Congresso no dia 31 de agosto.

A desoneração da folha é um benefício fiscal que substitui a contribuição previdenciária patronal de 20% incidente sobre a folha de salários por alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), anunciou ontem (15), que a votação do projeto de lei da desoneração da folha de pagamentos será adiada para a próxima terça-feira (20). O motivo, segundo Pacheco, é que os partidos apresentaram uma “quantidade considerável” de emendas.

“Como ainda chegam emendas numa quantidade considerável, a proposta é que o relator faça leitura do parecer, possa avaliar emendas e podemos iniciar a discussão e suspendê-la, para continuar a discussão e votar projeto na próxima terça-feira”, disse Pacheco.