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Tecnologia busca extrair hidrogênio mais barato da casca do camarão

08 de Junho de 2024 às 23:29
Cruzeiro do Sul [email protected]
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Uma pesquisa desenvolvida no Laboratório de Mecânica da Fratura e Fadiga da Universidade Federal do Ceará (UFC) pode baratear a extração de hidrogênio no Brasil e tornar o processo “ainda mais verde”. Em vez das membranas sintéticas convencionalmente usadas para extrair o hidrogênio, o grupo criou uma alternativa a partir da casca de camarão.

O estudo desenvolveu a membrana para eletrolisadores do tipo PEM. A tecnologia é central para separação da molécula da água para obter o hidrogênio e oxigênio, num processo chamado de eletrólise.

O projeto de pesquisa é liderado pelo professor Enio Pontes de Deus, que explica que a descoberta é resultado da tese produzida pelo seu estudante de doutorado, Santino Loruan. “A casca do camarão triturada passa por processos até a obtenção da quitosana que formará a membrana, que atua como trocadora de prótons. Essa membrana é o coração do eletrolisador, tecnologia que poucos países produzem e que coloca o Brasil passos à frente na corrida pela produção de hidrogênio verde”, diz Pontes.

A principal membrana utilizada atualmente é a de nafion, que tem custo elevado de produção e precisa ser importada. Segundo Santino Loruan, uma membrana de nafion de dez centímetros quadrados custa por volta de US$ 100. “E não podemos produzir, porque há patente. O valor é decidido por eles e a demanda é alta”, acrescenta.

“As membranas de quitosana devem reduzir drasticamente esse custo, porque temos matéria-prima abundante no litoral”, avalia o doutorando da UFC. Contudo, o grupo de pesquisadores ainda não consegue quantificar qual será a redução final do custo.

As apresentações do professor Enio Pontes e de Santino Loruan foram feitas durante a Conferência Internacional de Tecnologias das Energias Renováveis (Citer), que está sendo realizada em Teresina, no Piauí.

A outra vantagem, defende o professor Enio Pontes, é a ambiental, que se daria de duas formas. “É uma solução para eliminação de resíduos que existem na costa brasileira e incomodam quem trabalha e vive nessas áreas”, diz. A outra é de a membrana de quitosana ser biodegradável.

“Se estamos falando de produção ambientalmente correta, o ideal não é o uso de uma membrana sintética”, afirma o professor. Para a produção da membrana brasileira com casca de camarão, falta o financiamento necessário para a replicação em escala industrial. (Estadão Conteúdo)