BC corta Selic em 0,5 ponto pela 6ª vez em decisão unânime
Taxa básica de juros cai de 11,25% para 10,75% ao ano
Pela sexta vez seguida, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual. Os juros básicos da economia caíram de 11,25% para 10,75% ao ano, em decisão unânime dos nove membros do colegiado — inclusive, dos quatro indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que voltou recentemente à ofensiva contra o presidente do BC, Roberto Campos Neto.
O novo corte definido ontem (20) já era amplamente esperada no mercado financeiro, seguindo a indicação dada pelo BC no último encontro, em janeiro, de que o corte de 0,50 ponto porcentual seria apropriado nas “próximas reuniões”.
Desde então, os membros do Copom enfatizaram que a decisão desta quarta seria especial, pois contaria com três novas medições de inflação (IPCA de fevereiro e março e IPCA-15 de fevereiro) para embasar a escolha do ritmo de corte do juro e o que poderiam fazer a seguir.
Diante do cenário incerto, as avaliações do comitê estão cada vez mais dependentes de informações frescas — ou data dependent, como dizem no jargão em inglês.
Segundo o comunicado do Copom, o cenário para a inflação permanece inalterado, com riscos tanto de alta como de baixa. Entre os fatores que podem elevar a inflação, estão a persistência das pressões inflacionárias globais e o aquecimento do setor de serviços. Entre os possíveis fatores de queda, estão a desaceleração da economia global maior que a projetada e impactos mais fortes que o esperado das altas de juros em outros países.
A taxa está no menor nível desde março de 2022, quando também estava em 10,75% ao ano. De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.
Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica iniciada em 1986. Por causa da contração econômica gerada pela pandemia de Covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.
Mesmo com a nova baixa, o País segue em segundo lugar no ranking mundial dos juros reais (descontada a inflação à frente). Segundo levantamento do site MoneyYou com 40 economias, o Brasil passa a ter uma taxa de juros real de 5,90% e continua apenas atrás do México (7,46%). Em terceiro, aparece a Rússia (5,87%).
A média das 40 economias pesquisadas é de 0,79%. O juro neutro brasileiro, que não estimula nem contrai a economia e, consequentemente, não acelera nem alivia a inflação brasileira, é estimado pelo BC atualmente em 4,5%.
(Estadão Conteúdo e Agência Brasil)