Economia
Copom defende ‘política contracionista’
Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), publicada ontem (6), o Banco Central afirma que “há a necessidade" de manutenção da atual política de juros mais altos para que haja o retorno da inflação à meta. “O comitê percebe a necessidade de se manter uma política monetária ainda contracionista pelo horizonte relevante para que se consolide a convergência da inflação para a meta e a ancoragem das expectativas”, diz o documento. Na reunião da semana passada, houve novo corte de 0,50 ponto porcentual na Selic, que agora está em 11,25% ao ano.
Na ata, ainda, o colegiado enfatizou que a extensão do ciclo de cortes de juros ao longo do tempo dependerá da “evolução da dinâmica inflacionária”.
Na avaliação do economista-chefe da AZ Quest, Alexandre Manoel, a ata da reunião reforçou o tom de cautela, além da manutenção do ritmo de cortes de 0,50 ponto porcentual. O comitê, diz, não alterou a visão global sobre a economia, mas deu ênfase para algumas incertezas no cenário doméstico e internacional.
“Ele (Copom) se mostrou mais atento a alguns pontos que não tinham chamado a atenção na ata anterior. Em especial, no cenário doméstico, aos rendimentos reais, dando ênfase aos reajustes salariais e o impacto deles sobre a inflação de serviços”, afirma. “No cenário internacional, deu ênfase à condução da política monetária nos países desenvolvidos”, disse Manoel, que projeta a Selic em 9% no fim de 2024.
De acordo com a ata do Copom, as expectativas de inflação seguem desancoradas e isso é um fator de preocupação. “O comitê avalia que a redução das expectativas requer uma atuação firme da autoridade monetária, bem como o contínuo fortalecimento da credibilidade e da reputação tanto das instituições como dos arcabouços fiscal e monetário que compõem a política econômica brasileira.”
Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, a ata, assim como o comunicado divulgado logo após a reunião da semana passada, teve uma mensagem clara: o colegiado não alterou o curso da política monetária e isso parece distante de ocorrer. (Estadão Conteúdo)