Economia
Demanda por crédito cai 13% em 2023, após alta em 2022
Nível elevado da Selic, apesar de queda, inibiu financiamentos
A procura por financiamento no Brasil encerrou 2023 com queda de 13%, depois de ter subido 7% em 2022. Os dados são do Índice Neurotech de Demanda por Crédito (INDC), indicador que mede mensalmente o número de solicitações de financiamentos nos segmentos de varejo, bancos e serviços.
O resultado reforça o período delicado pelo qual o setor passou no ano passado, segundo a Neurotech, destacando que o INDC cresceu somente em setembro, quando marcou alta de 6% em relação ao mesmo mês de 2022.
A queda na busca por crédito foi condicionada, principalmente, pelo varejo, que apresentou retração de 22% em 2023. Já a categoria que engloba os bancos e demais instituições financeiras cedeu 7%. Em contrapartida, houve crescimento na procura por financiamento no segmento de serviços, com expansão de 8% no ano passado.
O INDC ainda registrou contração na comparação de dezembro de 2023 com dezembro de 2022, de 17%, e também no confronto com novembro de 2023, com recuo de 1%.
O nível elevado da taxa Selic foi o principal responsável pela queda da demanda por crédito em todo o ano de 2023. Embora o juro básico tenha começado a cair em agosto do ano passado, o efeito tem um certo atraso, de cerca de seis meses, na economia. Na quarta-feira, a Selic caiu pela quinta vez seguida, passando de 11,75% para 11,25%.
De acordo com Natália Heimann, head de produtos Analytics da Neurotech e responsável pelo INDC, o atual estágio das taxas de juros travou as expectativas de aumento do consumo, que normalmente acontece na retal final do ano devido às comemorações de Natal.
A expectativa da Neurotech é que a leitura do INDC de janeiro retrate uma retomada do crédito esperada para este começo do ano, “à medida que a recuperação econômica do Brasil, que ainda acontece de forma lenta, for dando maior tranquilidade aos consumidores, após um período de incertezas que foi 2023”.
A queda de 17% no INDC de dezembro de 2023 ante o mesmo mês de 2022 foi puxada por bancos e instituições financeiras, que apresentaram retração de 23%. Já a procura por crédito no varejo caiu 18% no período. Pelo terceiro mês consecutivo, o setor de serviços foi o único com resultado positivo no mês, crescendo 25% na comparação anual.
Já o recuo de 1% do INDC no último mês do ano passado ante novembro de 2023 sofreu influência da retração de 13% na busca por crédito em bancos e financeiras, enquanto houve alta de 10% em serviços e de 9% no varejo.
A procura por financiamento no varejo deveu-se ao crescimento de 74% na categoria vestuário, “o que indica a preferência pelas roupas como presentes de Natal”, segundo a Neurotech. As demais categorias apresentaram taxas negativas em dezembro ante novembro: eletro/móveis (-19%), supermercado (-16%), lojas de departamento (-1%); e outros (-7%). (Estadão Conteúdo)