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Economia

Criptomoeda criada na Venezuela por Nicolás Maduro deixa de existir

13 de Janeiro de 2024 às 22:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Petro foi lançada para evitar sanções financeiras dos Estados Unidos
Petro foi lançada para evitar sanções financeiras dos Estados Unidos (Crédito: FEDERICO PARRA / AFP)

A Venezuela pois fim ao “petro”, criptomoeda que o presidente Nicolás Maduro lançou há seis anos para evitar sanções financeiras dos Estados Unidos, mas que teve uso muito limitado e acabou envolvida em um gigantesco escândalo de corrupção.

A partir de amanhã (15), “a Plataforma Patria fechará bolsas e carteiras em criptomoedas”, anunciou uma mensagem do site que administra bônus e subsídios do governo venezuelano, único canal em que esse criptoativo questionado era resgatável.

Os fundos da carteira virtual de “petro” estão sendo convertidos em bolívares, a desvalorizada moeda local.

Maduro anunciou no final de 2017 a criação desta criptomoeda estatal, apoiada pelas vastas reservas de petróleo e recursos minerais da Venezuela. Devido às restrições impostas pelas sanções de Washington, o “petro” iria permitir novas formas de financiamento internacional“”, prometeu o presidente socialista.

Taxada pela Venezuela a 60 dólares (R$ 198 na cotação da época) por unidade, valor do barril de petróleo venezuelano naquela época, a criptomoeda foi lançada em 2018, mas atrasos devido a problemas no blockchain o registro das transações da criptomoeda levantaram dúvidas, que rodearam o plano desde o início.

Unidade de conta

O uso de “petro” sempre foi escasso e, embora Maduro inicialmente tenha descrito a iniciativa como “um sucesso”, ela se restringiu basicamente a operações com o Estado, como o pagamento de impostos.

Mais do que uma criptomoeda, “petro” funcionou na prática como uma referência de valor em meio à inflação crônica e à constante desvalorização do bolívar.

As multas de trânsito, por exemplo, foram estabelecidas em “petros”, embora não pudessem ser pagas em “cripto”; e o governo forçou os bancos a apresentar saldos em bolívares e “petros”.

Na Plataforma Pátria, os usuários recebiam transferências em “petros” e podiam trocá-las por bolívares por meio de um sistema de leilão, o único disponível.

Maduro chegou a anunciar a “ancoragem” dos salários à criptomoeda estatal. Mas essa promessa nunca foi cumprida e o salário mínimo atualmente mal ultrapassa o equivalente a 3 dólares por mês (R$ 14,63, na cotação atual).

Corrupção, o impulso

“O petro (PTR) morre oficialmente”, publicou a plataforma privada de criptoativos CryptoLand Venezuela na rede social X. “A diretoria de reestruturação da Sunacrip (a estatal Superintendência Nacional de Criptoativos) decide encerrar definitivamente o pouco que sobrou deste ecossistema”.

“Petro” recebeu um golpe fatal com o escândalo de corrupção que eclodiu em maio do ano passado na estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), no qual estiveram envolvidos funcionários da Sunacrip.

O caso provocou a demissão do outrora poderoso ministro do Petróleo, Tareck El Aissami, que desde então desapareceu da vida pública. (AFP)