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Economia

País precisa de adaptação contra mudanças climáticas

Economista fala sobre desafios do Brasil para os próximos 20 anos

02 de Dezembro de 2023 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Enfrentar o desmatamento da Amazônia é uma das questões urgentes
Enfrentar o desmatamento da Amazônia é uma das questões urgentes (Crédito: ARQUIVO AGÊNCIA BRASIL)

O Brasil precisará investir o mais rapidamente possível em políticas de mitigação de efeitos das mudanças climáticas na nova realidade de ondas de calor, mais enchentes no Sul e secas no Norte e Nordeste. “Isso exige investimentos de adaptação”, diz Cornelius Fleischhaker, economista sênior para o Brasil na Prática Global de Macroeconomia, Comércio e Investimento do Banco Mundial. Cornelius participou da equipe que elaborou o relatório “O Brasil do Futuro - Rumo à Produtividade, Inclusão e Sustentabilidade”.

O estudo faz um exercício de longo prazo de como o Brasil pode chegar daqui a 20 anos se aproveitando de um círculo virtuoso que precisa ser consolidado agora. Na entrevista, Cornelius traça um panorama dos principais desafios para o País entrar nessa rota.

Ele alerta sobre a necessidade de mudanças nas políticas públicas e do encontro inevitável do País com novas mudanças na Previdência Social. Mas, por outro lado, haverá a oportunidade única de utilizar mais recursos por aluno na educação, já que o número de estudantes vai decrescer.

“As políticas públicas no Brasil sempre foram desenhadas para uma sociedade jovem, com poucos idosos. A questão da Previdência vai surgir de novo, já que a maior parte da população brasileira, que hoje está entre 30 e 45 anos, daqui a 20 anos vai estar prestes a se aposentar”, diz. No curto prazo, afirma, o mais urgente no Brasil é enfrentar o desmatamento, sobretudo na Amazônia.

Questionado sobre a “cara” que o Brasil terá em 2042, ele afirma que vai depender muito das escolhas que serão feitas nos próximos anos. “O que a gente propõe, o que a gente torce, é que o Brasil deixe para trás aquele legado de exclusão, de crescimento através de acumulação, de destruição dos recursos naturais; o legado de crescimento muito limitado por décadas”. Para isso, continua ele, “o Brasil precisa daquilo que chamamos de círculo virtuoso, que combina a produtividade na economia com a inclusão das camadas da população que ainda ficavam excluídas ou estão em situações muito vulneráveis e com a sustentabilidade ambiental. Não pode ser mais um crescimento baseado na destruição de recursos naturais. E, para isso acontecer, tem de haver algumas mudanças nas políticas públicas. Você não pode esperar ter um resultado diferente sem mudar o comportamento.”

O estudo mostra um Brasil mais velho, mais conectado e sujeito a mudanças climáticas cada vez mais expressivas. Sobre como as políticas públicas podem se adaptar a esse cenário, Fleischhaker pondera sobre o país daqui duas décadas. “O que sabemos sobre esse Brasil é o que chamamos de megatendências, que obviamente são mundiais; mas, nesse relatório, olhamos as consequências para o Brasil e como as políticas públicas deveriam se ajustar a essas novas realidades. Na questão demográfica, isso é bastante claro. As pessoas vivem muito mais. Mas as políticas públicas no Brasil sempre foram desenhadas para uma sociedade jovem, com poucos idosos. Isso vai mudar e as políticas públicas têm que se adaptar. Vão ser necessárias mais mudanças no sistema de Previdência. Ao mesmo tempo, haverá a oportunidade de se utilizar mais recursos por aluno na educação, já que o número de alunos vai decrescer”, finaliza o economista. (Estadão Conteúdo e Redação)