Economia
Americanas fazem acordo com bancos e acionistas para aporte
Depois de dez meses de brigas e negociações, a Americanas fechou na madrugada de ontem (27) um acordo com os bancos credores em torno do seu plano de recuperação, um primeiro passo para a reestruturação de suas operações. Os bancos detêm a maior parte dos débitos da varejista, que em janeiro admitiu uma fraude contábil bilionária e recorreu à Justiça com pedido de recuperação.
Ficou acertado que a companhia receberá uma capitalização de R$ 24 bilhões, dividida entre recursos a serem aportados pelos acionistas de referência -- o trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira --, cerca de R$ 12 bilhões, e a conversão de dívida em ações pelos bancos credores, operação também no valor de R$ 12 bilhões. A companhia prevê que, após a implementação do plano, sua dívida bruta cairá para R$ 1,875 bilhão. No final de 2022, dado do último balanço divulgado pela empresa, a dívida somava R$ 37,3 bilhões.
Os termos do acordo, de 261 páginas, foram cuidadosamente amarrados para que não haja brechas nos compromissos assumidos, o que contribuiu para o atraso de cinco meses até a assinatura, e sua elaboração envolveu os principais escritórios de advocacia do País.
Entre os compromissos, que foram aceitos pelos titulares de 35% das dívidas da empresa, está o de que os bancos -- Bradesco, Itaú Unibanco, Santander Brasil e BV -- aprovarão o plano de recuperação judicial sem ressalvas. O acordo, agora, terá de ser aprovado na Assembleia Geral de Credores (AGC), no dia 19 de dezembro.
A Americanas receberá dos acionistas de referência um aporte de R$ 12 bilhões, o que inclui o empréstimo DIP (debtor-in-possession, concedido a empresas em dificuldades) de R$ 2 bilhões, já concedido. A outra parte de R$ 12 bilhões virá por meio da conversão de dívida dos bancos em ações da rede de varejo.
Dos recursos obtidos com o aumento de capital, de R$ 24 bilhões no total, a Americanas destinará até R$ 8,7 bilhões para pagar os credores financeiros, por meio de um leilão reverso (no qual quem concede o desconto maior para a dívida recebe primeiro) de R$ 2 bilhões, ou então do pagamento antecipado de créditos com desconto, ao qual serão destinados R$ 6,7 bilhões. (Estadão Conteúdo)