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Economia

Onda de calor gera demanda recorde de energia elétrica

País atingiu maior carga do sistema da história, com 101 mil megawatts

14 de Novembro de 2023 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Há mais uso de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado
Há mais uso de ventiladores e aparelhos de ar-condicionado (Crédito: PEDRO NEGRÃO / ARQUIVO JCS)

A onda de calor que tem atingido as regiões Sudeste e Centro-Oeste do País desde o fim de semana provocou recordes de demanda de energia elétrica para uso de aparelhos como ventiladores e ares-condicionados. Ontem (14), às 14h20, a carga atingiu 101.475 megawatts (MW) -- o maior patamar da história. Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o recorde já havia sido batido na segunda-feira, quando a demanda máxima alcançou 100.955 MW.

Segundo o ONS, foi a primeira vez na história do sistema interligado que a carga superou a marca de 100 mil MW. O recorde anterior era de 97.659 MW, medido em 26 de setembro deste ano. “A principal razão para esse comportamento da carga é a significativa elevação de temperatura verificada em grande parte do Brasil (em São Paulo, alguns termômetros mostraram 40ºC no início da tarde)”, infomou o operador, em nota.

Se considerada a demanda nos primeiros dias de novembro, houve um incremento de 16,8% na carga, passando de 86.800 MW para os atuais 101.475 MW. Segundo especialistas no setor de eletricidade, por ora os picos de demanda não representam risco de desabastecimento da população. Isso porque há sobra de energia no País.

A capacidade de geração elétrica é de cerca de 200 mil MW, e vem crescendo mês a mês, sobretudo com a contribuição de novas fontes de energia renovável, como eólicas e parques solares, afirma o coordenador-geral do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), Nivalde de Castro. “É claro que, eventualmente, poderia ocorrer o que vimos recentemente com Furnas (que provocou em agosto um apagão) ou um incêndio (provocado pelo excesso de calor) danificar fios e provocar a queda do sistema elétrico. Mas isso não é um problema estrutural”, afirma Castro.

De acordo com o ONS, o sistema nacional é robusto e tem uma grande diversidade de fontes para atender à demanda de carga e potência do País.

“Com o aumento das temperaturas, os aparelhos de refrigeração consomem mais energia para entregar a mesma eficiência, o que, por sua vez, se reflete na elevação do valor da conta de energia. No calor, geladeira, freezer e ar-condicionado, por exemplo, são aparelhos que exigem mais para rejeitar o calor do ambiente e atingir a temperatura interna programada”, explica o gestor da EDP, Adilson Herzog.

O presidente da PSR, Luiz Barroso, destaca que as mudanças climáticas estão aí para ficar e que suas adversidades preocupam. Segundo ele, em termos práticos isso significa que é possível ou provável que as temperaturas dos próximos meses sejam extremas, o que resultaria em recordes de demandas de pico. (Estadão Conteúdo)