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Economia

Eletrodomésticos: quando compensa consertar?

Custo e qualidade do reparo, o preço de um aparelho novo e garantia devem ser levados em consideração

28 de Outubro de 2023 às 22:01
Luis Felipe Pio [email protected]
Rodrigo, técnico em eletroeletrônica, diz que às vezes é melhor comprar um novo
Rodrigo, técnico em eletroeletrônica, diz que às vezes é melhor comprar um novo (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (11/9/2023))

Até que ponto compensa levar um eletrodoméstico para consertar? Convenciona-se que, se o custo do reparo for superior a 60% do preço de um novo, então, não compensa. Mas nem sempre é regra. Algumas pessoas preferem manter seus eletrodomésticos e manda-los ao conserto, enquanto outros os trocam assim que apresentam um defeito. Também existem aquelas que arrumam o próprio aparelho em casa. Um proprietário de uma assistência técnica autorizada, que fica no centro de Sorocaba, diz que recebe muitos casos em que a pessoa, ao tentar consertar, danifica o produto mais ainda.

Rodrigo da Silveira é técnico em eletroeletrônica e recebe por mês em sua loja cerca de 50 aparelhos. Desses 50, ele relata que 80% dá para arrumar e 20% não dá. “Geralmente o problema é no gabinete, a ‘carcaça’ do aparelho. Porque, hoje, usa-se menos parafusos e mais travas, então, a pessoa tenta fazer uma alavanca com chave de fenda para tentar abrir e quebra a trava. Daí não dá mais para montar o aparelho.”

Quando o preço do conserto é igual ou maior do que o de um produto novo, Rodrigo não recomenda aos clientes o reparo: “[...] porque o cliente vai ganhar na garantia. O fato de ter um ano de garantia é muito atrativo, sem falar que o aparelho é novo. Um micro-ondas, por exemplo, você troca o painel dele e fica em torno de 50% do preço de um novo, mas você ainda corre o risco de dar defeito em outras partes do eletrodoméstico, como a parte de alta tensão”, avalia.

Roberta Gonçalves é professora de biologia e levou um espremedor de frutas para consertar. Ela achou caro o valor do conserto, mas elogiou a honestidade do técnico, que disse a ela que o reparo não era tão simples assim. “Paguei em torno de R$ 280 (no espremedor) e o conserto ficou R$ 50. Eu achei caro, mas como o produto ainda é relativamente novo, então, tudo bem”, considera a professora.

Tatiana Peçanha mandou consertar uma torradeira importada  - FÁBIO ROGÉRIO (11/9/2023)
Tatiana Peçanha mandou consertar uma torradeira importada (crédito: FÁBIO ROGÉRIO (11/9/2023))

Tatiana Rosa Peçanha levou uma torradeira que comprou nos Estados Unidos. Ela também já teve problemas com outros eletrodomésticos e sempre recorre ao técnico. “Mando consertar normalmente, mas depende do produto também. Geladeira e fogão eu sempre mando consertar. O que eu troquei ultimamente foi aquela fritadeira sem óleo porque o preço do conserto era R$ 300 e uma nova era R$ 390, então, aí não compensa, porque daí você compra uma nova e ainda tem garantia de dois anos.”

O aposentado Luiz Carlos de Jesus prefere resolver os problemas ele mesmo, desde que sejam “simples”. Morador de Piedade, Luiz vive em uma região onde há falhas de energia frequentes, o que ocasiona vez ou outra a queima de alguns aparelhos. “Aqui, já quebrou TV, roteador, telefone sem fio. Eu não tenho todos os equipamentos necessários, mas eu dou uma olhada. Se o problema é na fonte de alimentação, eu resolvo. Porém, quando cai um raio, por exemplo, aí o dano é maior”, compara.

Por modéstia, Luiz fala que só “quebra um galho”, mas conta que já consertou diferentes aparelhos para sua família, como escova de cabelo rotativa, chapinha, filtro de água elétrico, repetidor de wi-fi, entre outros. “Esses tipo de eletroportátil é muito fácil de consertar”, observa. “O componente com defeito é só trocar que fica novo. É igual pneu de carro, troca um, põe o outro e fica zero de novo. Só quando dá um curto mais grave, que queima muitas partes do aparelho, que daí não compensa consertar porque vai gastar muito”, exemplifica.

O aposentado, que possui em sua casa uma mesa só para realizar esse tipo de trabalho, também imagina quanto dinheiro já economizou fazendo os reparos em casa. “Tem coisa que se a gente levar para arrumar fica muito caro e eu não tenho esse custo. Por isso, eu vou, compro a peça e troco.” Ele mesmo compra os componentes que precisa trocar nos aparelhos.

Contudo, o técnico em eletroeletrônica faz um alerta àqueles que realizam o conserto do aparelho em casa, assim como seu Luiz, sobre a qualidade das peças que compram. “A pessoa compra a peça pela internet, por exemplo, mas não sabe se a peça é original”, disse. “A gente tira muitas dúvidas das pessoas que ligam aqui e perguntam se tem a peça que ela precisa. Aí, nesse caso, eu vendo a peça certa para essa pessoa, afinal, eu não posso desestimulá-la a consertar, desde que esteja fazendo o procedimento correto”, considera o técnico. (Luís Pio - programa de estágio)

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