Economia
PIB do segundo trimestre registra aumento de 0,9% e surpreende
Previsão do mercado é que o segundo semestre deve ser de desaceleração na economia
A economia brasileira continuou a crescer no segundo trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB) avançou 0,9% no período, na comparação com os primeiros três meses do ano -- bem acima da mediana de 0,3% projetada pelo mercado. Na comparação com o mesmo trimestre de 2022, a alta foi de 3,4%.
Apesar de o ritmo de crescimento ter sido menor do que o apurado nos primeiros três meses do ano -- de 1,8%, dado que foi revisado pelo IBGE --, os economistas viram “resiliência” na atividade econômica. “Ficou melhor do que era esperado até há alguns meses, o que mostra que existe uma resiliência”, afirmou Alessandra Ribeiro, sócia e economista da consultoria Tendências.
Esse cenário, porém, tende a mudar nesta segunda metade do ano. Na avaliação do mercado, se o primeiro semestre foi marcado por crescimento, o segundo deverá ser de desaceleração, com a possibilidade até de leve recuo. “Eu trabalho com uma economia bem de lado neste segundo semestre”, disse Alessandra. “Esse contexto para a economia brasileira é de desaceleração. Estamos vendo a economia global perder força, e a economia brasileira deve sentir esse efeito”, completou Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank.
Um outro ponto para a desaceleração tem a ver com o aperto monetário. A queda da taxa básica de juros (Selic) leva um período para beneficiar a economia, e deve resultar em algum alívio para a atividade apenas no ano que vem. “É uma economia que deve esfriar (no segundo semestre) para depois começar a retomar ao longo de 2024”, afirmou Salles.
Pelos números do IBGE, a alta de 0,9% do PIB no segundo trimestre se deve, em grande parte, ao desempenho da indústria e do setor de serviços. No recorte da indústria, a alta foi de 0,9% ante os primeiros três meses do ano -- a variação mais acentuada desde o segundo trimestre de 2022, quando o segmento havia crescido 1,2%.
Já os dados referentes ao setor de serviços indicaram uma alta de 0,6%. Já são 12 trimestres sem variações negativas no segmento. Esse avanço foi disseminado entre os segmentos, com destaque para atividades financeiras (2,30%), transporte e armazenagem (0,90%) e construção (0,70%).
Com uma safra concentrada no primeiro trimestre, a agropecuária recuou 0,9%, mas essa queda veio mais branda do que as projeções apontavam. Na comparação com o segundo trimestre de 2022, a alta continuou forte, de 17%.
Pela ótica da demanda, o consumo das famílias cresceu 0,9% no segundo trimestre ante o primeiro, o que representou o maior avanço desde o segundo trimestre de 2022 (1,6%), enquanto o consumo do governo marcou alta de 0,7% na mesma base de comparação. (Estadão Conteúdo)