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Economia

Falta de água restringe passagem de navios no Canal do Panamá

Cerca de 6% do comércio marítimo mundual utiliza a ligação de 80 quilômetros

26 de Agosto de 2023 às 22:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Para cada barco que atravessa a rota pelo país da América Central são utilizados cerca de 200 milhões de litros de água doce
Para cada barco que atravessa a rota pelo país da América Central são utilizados cerca de 200 milhões de litros de água doce (Crédito: IVAN PISARENKO / AFP (25/8/2023))

Afetado pela falta de água, o Canal do Panamá vai manter por um ano as restrições para a passagem de navios, uma medida que congestionou os acessos à via por onde passam 6% do comércio marítimo mundial.

“Hoje, estamos vendo um período de um ano, a menos que nos meses de setembro, outubro e novembro caiam fortes chuvas na bacia hidrográfica do Canal e os lagos encham”, disse Ilya Espino, vice-administradora do Canal do Panamá. Esse prazo permite ao cliente “saber que tem um ano para planejar o que vai fazer”, acrescenta.

O Canal do Panamá, de 80 quilômetros, liga o Oceano Pacífico ao Mar do Caribe. Pela via panamenha, cujos principais usuários são Estados Unidos, China e Japão, passam 6% do comércio marítimo mundial.

A escassez de chuvas, provocada pelas mudanças climáticas e pelo fenômeno El Niño, fez com que o canal reduzisse, desde 30 de julho, o número de passagens para economizar água. Se antes passavam por ali 40 embarcações diariamente, agora transitam no máximo 32. Além disso, a autoridade do Canal também reduziu o calado dos navios para 44 pés (13,4 metros), dois pés a menos do que antes era permitido nesta via.

A redução do trânsito tem provocado um aumento considerável do número de embarcações que fazem fila para fazer a travessia. Sem as restrições, até 90 barcos permaneciam em espera de três a cinco dias. Com a crise, chegou a haver 160 navios aguardando e os dias de espera chegaram a 19, embora estes números tenham baixado consideravelmente.

Os navios que passam pelo canal reservam com antecedência uma das cotas diárias que a via oferece. Caso o barco não tenha conseguido uma dessas vagas, existe a alternativa de recorrer a um leilão, no qual quem der o lance mais alto pode obter uma das vagas.

Em outras ocasiões, as embarcações chegam sem ter feito reserva. A maioria delas aguarda nas filas à espera de permissão para poder passar. “Nós gerenciamos facilmente uma fila de 90 navios” à espera, mas “130 ou 140 navios nos causa problemas e atrasos”, reconhece Espino.

Segundo a vice-administradora do canal, se o nível das chuvas aumentar até o final do ano, as medidas restritivas poderiam ser suspensas antes de agosto de 2024.

O Canal do Panamá utiliza a água da chuva para funcionar. Para cada barco que atravessa a rota são utilizados cerca de 200 milhões de litros de água doce, que o canal obtém de uma bacia hidrográfica formada pelos lagos Gatún e Alhajuela. No entanto, essa bacia, que também abastece o país com água potável, foi modernizada pela última vez em 1935, quando eram registrados 6 mil tráfegos pelo canal, menos da metade dos de hoje.

População

Além disso, naquela época a população panamenha não chegava a meio milhão de habitantes, contra os quase 4,2 milhões da atualidade, metade dos quais depende do canal para se abastecer de água.

‘Atualmente, acho que a situação é administrável, mas temos, sim, que mostrar já à indústria que estamos dando passos definitivos para resolver o problema da água e isso para mim é chave, porque senão vamos ficar fora deste negócio‘, disse o ex-administrador do canal, Jorge Quijano. (AFP)