Economia
Dólar sobe para R$ 4,96 e Bolsa cai pela 10ª sessão
Desempenho no mercado financeiro brasileiro refletiu preocupações externas
Em um dia turbulento no mercado financeiro global, o Ibovespa acumulou o 10º recuo consecutivo e registrou a maior sequência de baixas em 39 anos. O dólar aproximou-se dos R$ 5 e atingiu o maior valor em dois meses, em meio a preocupações com a economia chinesa e consequente queda dos preços das commodities.
O índice da B3 encerrou ontem aos 116.809 pontos, com recuo de 1,06%. A última vez em que o indicador caiu dez vezes seguidas tinha sido em fevereiro de 1984, em meio à crise da dívida externa brasileira. A bolsa acumula queda de 4,21% em agosto, mas registra alta de 6,45% no ano.
No mercado de câmbio, o dia também foi tenso. O dólar comercial fechou o dia vendido a R$ 4,96, com alta de 1,25%, e atingiu o maior nível desde 1º de junho, quando tinha fechado a R$ 5. Em alta pela segunda vez consecutiva, a moeda norte-americana acumula alta de 4,99% em agosto, mas cai 5,95% em 2023.
O real apresentou o segundo pior desempenho entre moedas emergentes e de países exportadores de commodities relevantes, atrás apenas do peso colombiano. Moedas latino-americanas de países com juros altos, as chamadas divisas de carrego, são alvo preferido para realização de lucros, uma vez que apresentam bons ganhos no ano. Já fora do portfólio dos grandes fundos, o peso argentino apresentou perdas superiores a 20%. O BC da Argentina aumentou a taxa de juros em 21 pontos porcentuais, para 118%, e promoveu desvalorização da cotação oficial de sua moeda, na esteira do nervosismo com a vitória do ultradireitista Javier Milei nas eleições primárias para presidência.
“A semana começa com dados preocupantes no setor imobiliário chinês. Um espirro na China é uma gripe forte no mercado, especialmente nas commodities. Esse movimento faz com que o dólar esteja em alta frente as demais moedas. No geral, divisas emergentes apanhando e o real caindo cerca de 1% com a queda das commodities”, afirma o diretor de tesouraria do Braza Bank, Bruno Perottoni.
Crescem as expectativas de mais estímulos monetários pelo Banco do Povo da China (banco central chinês), embora haja ceticismo em torno de sua capacidade de estimular a atividade econômica.
Argentina
A Comissão de Valores Mobiliários da Argentina, conhecida como CVN, estabeleceu ontem, limites para compras semanais do dólar e liquidação de títulos públicos. Com vigência a partir desta terça, a medida impõe um limite de 100 mil valores nominais (o equivalente a cerca de US$ 40 mil) para operações no mercado financeiro de dólares conhecido como MEP -- Mercado Eletrônico de Pagamentos.
“A ação tem como objetivo de contribuir para uma administração prudente do mercado cambial, reduzindo a volatilidade das variáveis financeiras no quadro da atual conjuntura econômica”, informou a CVN, em nota. (Estadão Conteúdo e Agência Brasil)