Economia
Varejo fica estagnado em junho, mostra IBGE
Resultado indica freio no setor, que teve expansão de 1,9% no 1º trimestre
O comércio varejista ficou estagnado, com variação zero, em junho, segundo pesquisa divulgada ontem pelo IBGE. Na média global, depois de uma sequência de três meses sem crescimento, o volume vendido pelo varejo caiu 0,2% no segundo trimestre de 2023 ante o trimestre imediatamente anterior. O resultado representa um forte freio ante a expansão de 1,9% no primeiro trimestre deste ano.
“Essa estabilidade do segundo trimestre, nem avanço nem queda, já vem de algum tempo”, disse Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE, salientando que a última vez em que o volume vendido mostrou avanço expressivo foi em janeiro, alta de 4,1%.
Para o pesquisador, a falta de dinamismo é explicada pelo acesso mais restrito ao crédito, diante dos juros elevados. “Isso tem segurado o crescimento (do varejo) nos últimos meses”, afirmou Santos.
Na passagem de maio para junho, as quedas ocorreram em equipamentos para informática e comunicação (-3,7%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,9%), artigos farmacêuticos e perfumaria (-0,7%) e combustíveis (-0,6%). Na direção oposta, houve expansão em vestuário e calçados (1,4%), supermercados (1,3%), livros e papelaria (1,2%) e móveis e eletrodomésticos (0,8%).
O setor de supermercados foi beneficiado pela deflação de alimentos e pelo pagamento da antecipação do 13º salário de aposentados do INSS.
Já o pacote do governo que incentivou descontos para a aquisição de automóveis populares impulsionou vendas de veículos, turbinando as vendas do varejo ampliado. O volume vendido pelo comércio varejista ampliado -- que inclui as atividades de veículos, material de construção e atacado alimentício -- cresceu 1,2% em junho ante maio. As vendas de veículos saltaram 8,5% no período, devido a aquisições feitas tanto por locadoras quanto por consumidores pessoa física.
O chefe de pesquisa macroeconômica da gestora de recursos Kínitro Capital, João Savignon, disse que as atividades mais dependentes da renda mostram recuperação, enquanto as que estão mais ligadas ao crédito e a bens não essenciais apresentam uma dinâmica fraca. (Estadão Conteúdo)